SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Prefeitura de São Paulo quer implantar mais 220 km de faixa azul para motociclistas na cidade, após um ano sem mortes no trecho instalado na avenida 23 de maio, na zona sul de SP. Nos três anos anteriores, de 2019 a 2021, haviam sido registradas 12 mortes no local.
A faixa na 23 de maio, aprovada e autorizada pela Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito), iniciou a operação em 25 de janeiro do ano passado. Considerando os dados até a última terça (24), foram 98 acidentes de trânsito envolvendo motos no trecho de 5,5 km, com 59 pessoas feridas, oito delas em estado grave.
"A faixa azul deu um resultado muito positivo. Se a gente continuar usando o capacete, e ampliando as faixas azuis, com os motociclistas respeitando o limite de velocidade e os motoristas respeitando os motociclistas, teremos menos acidentes no trânsito e óbitos", disse o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) na manhã desta quinta (26).
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), os resultados da faixa são avaliados em relação à taxa de severidade, indicador usado pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) que atribui peso aos acidentes por sua importância, que vai dos danos materiais (mais baixo) às mortes (mais alto).
Também são levados em conta o volume de veículos e a extensão da via analisada. Assim, a taxa registrada na faixa azul da 23 de maio foi de 3,19 UPS (unidade padrão de severidade)/milhão de motos/km, três vezes menor que a taxa fora dela, de 9,23 UPS/milhão de motos/km.
A prefeitura estima 1,3 milhão de motos em circulação na cidade. Em 2022, o número de mortes envolvendo motocicletas bateu recorde na cidade.
A ampliação também depende de análise e aprovação da Senatran. Em agosto do ano passado, a secretaria liberou a implantação da faixa azul na avenida dos Bandeirantes.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), instalar a faixa azul custa R$ 150 mil por quilômetro, se necessária apenas a mudança na sinalização, que foi o caso da faixa atual, no sentido dos bairros.
No sentido do centro da cidade, serão necessárias obras para viabilizar a instalação da faixa, o que deve aumentar o custo, que ainda será avaliado pela prefeitura.
Nunes afirmou que pretende ampliar a fiscalização, e anunciou a autorização da contratação de 200 novos agentes para a CET, que hoje conta com 1.200 profissionais. Ele também fez críticas às empresas de aplicativos de delivery.
"Os aplicativos, principalmente os que fornecem alimentação, chegam a colocar que a velocidade seria um ponto positivo desse serviço. Não é. Falar para uma pessoa que está numa moto que, se chegar rápido vai ser premiado, é incentivar a descumprir a legislação", disse.
Segundo o prefeito, ainda estão previstas mais ações de conscientização, que ele espera executar após resolver a suspensão de um edital de publicidade na Justiça.
"Eu até havia lançado há pouco um edital para ampliar as campanhas educativas na área da saúde, de trânsito, que é fundamental, e foi travado na Justiça, mas a gente vai reverter, se Deus quiser."
"Não é para fazer propaganda do prefeito, é para conversar com a sociedade sobre a questão da dengue, a questão da vacina, é conscientização de respeito às leis de trânsito, e mostrar que podemos ter o menor número de óbitos da cidade fazendo uma grande campanha", completou Nunes.
Na semana passada, como adiantou a coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) foi à Justiça e obteve a suspensão de um edital no valor de R$ 20 milhões aberto pela prefeitura para a contratação de serviços de comunicação. Já na quarta (25), a Justiça indeferiu um pedido de liminar que requeria a suspensão de um edital de R$ 80 milhões para publicidade.
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