RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A menina Rafaelly Vieira, 10, morta por um tiro de fuzil no peito enquanto brincava na rua de casa, em São João de Meriti, Região Metropolitana do Rio, foi enterrada na tarde desta sexta-feira (27).

A família não autorizou a imprensa a acompanhar o velório, realizado no Cemitério de Vila Rosali, no mesmo município. Horas após o crime ocorrido na noite de quarta (25), familiares e amigos protestaram na rua, com queima de pneus.

Ainda durante a liberação do corpo do IML (Instituto Médico-Legal) de Duque de Caxias, a tia de Rafaelly, Elza Alaíde Menezes, contou detalhes de como foi a ação dos criminosos.

Ela tinha acabado de sair de casa para brincar, estava atrás de um carro estacionado. Nisso, duas motos e um carro passaram atirando e ela foi atingida. Um tiro de fuzil matou minha afilhada, que era uma criança tão alegre. Só queremos justiça", disse.

A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense está responsável pela investigação do caso. Há a informação de que a troca de tiros ocorreu entre traficantes. A polícia também apura outra: a de que o alvo dos disparos estava próximo à Rafaelly.

De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, no decorrer de 2022, dez crianças foram atingidas por balas perdidas. Seis delas não resistiram.

Ainda segundo o levantamento, de 5 de julho de 2016 até esta sexta (27), 122 crianças foram atingidas por disparos de arma de fogo; desse número, 34 morreram e 88 ficaram feridas.

Em janeiro do ano passado, duas crianças foram baleadas, sendo uma morta e uma ferida, enquanto neste ano as duas vítimas atingidas morreram.

A primeira morte neste ano foi Juan Davi de Souza Faria, 11, atingido por uma bala perdida durante a comemoração do Réveillon em Mesquita, também na Baixada Fluminense.

Na época, o primo de Juan, Luís Felipe Alves da Silva, 24, disse que ele estava na varanda de casa ao ser atingido. "A gente estava comemorando dentro de casa, a gente se abraçou quando deu meia-noite. Ele [Juan] foi para a varanda e não conseguiu voltar mais. A gente só viu ele caído no chão, pensou que a garrafa do champanhe havia estourado e cortado ele, ele estava no chão todo ensanguentado."

Procurado nesta sexta (27), Silva afirma que a Polícia Civil fez somente a perícia de local e ainda não realizou a simulação. Ele também apontou que a família está sem amparo psicológico. Procurada, a Polícia Civil disse que as investigações estão em andamento.

Lucas Louback, ativista da Ong Rio de Paz, analisa que a comoção da sociedade ocorre de acordo com o perfil da vítima. "Essa barbárie no Rio tá naturalizada porque as crianças que morrem são em grande maioria negras e pobres."

Em nota, o Rio de Paz afirmou que "desde 2007, acompanha os casos de crianças mortas pela violência no estado do Rio, a maioria morta por armas de fogo. Desde então, já contabilizamos 92 vítimas, contando com a pequena Rafaelly, morta nesta quarta, em São João de Meriti. Ela é a segunda vítima deste ano."

Ainda de acordo com a ONG, o nome de Rafaelly será colocado em uma placa no memorial mantido na lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul do Rio.


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