BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta terça-feira (31) que vai na próxima semana a Roraima, com os comandantes das Forças Armadas, para auxiliar na força-tarefa montada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diante da crise sanitária e de saúde pública dos yanomamis.

"Tem que ter um esforço concentrado de todas as instituições para que possamos sanar o problema. É uma tristeza. Antes de procurarmos [os responsáveis], precisamos salvar aquela população", disse Múcio em entrevista à Bandnews TV.

"[A crise] Tem uma origem, e nós sabemos. A presença do garimpo ilegal é muito forte e será debelada. O decreto de ontem permite que as Forças Armadas tenham um efetivo mais abrangente [na região]", completou.

Segundo Múcio, cada Força terá um papel específico para desempenhar na terra indígena, com o objetivo de desmobilizar o garimpo ilegal que se instalou na região.

O Exército ficará responsável por realizar trabalho de campo, para identificação de criminosos. A Marinha vai prestar apoio com barcos, com a vigilância nos rios.

A Aeronáutica, além de enviar doações para os yanomamis, vai monitorar o espaço aéreo. "Qualquer voo suspeito vai ser obrigado a desviar a rota e pousar numa pista para ser identificado", disse o ministro.

A Terra Indígena Yanomami, a maior do Brasil, foi tomada por garimpeiros ilegais que, na busca pelo ouro, contaminaram o rio e impossibilitaram a pesca na região.

Sem peixes e tendo de se deslocar constantemente para evitar conflitos com os garimpeiros, os yanomamis passaram a enfrentar uma desnutrição grave e adoecer com infecções respiratórias e malária.

Famílias indígenas estão recebendo doações de latas de sardinha como alternativa ao alimento tradicional. As latas -presentes em pequenos fardos de comida que incluem pacotes de arroz, de farinha e de sal-- são despejadas pelo ar, sem pouso de aeronave da FAB (Força Aérea Brasileira) na curta pista do PEF (Pelotão Especial de Fronteira) Surucucu, do Exército.

O governo Jair Bolsonaro (PL) viu a crise escalar e atingir o ápice em 2022, o ano em que mais de 20 mil invasores intensificaram o garimpo ilegal e consolidaram o avanço dos pontos de exploração rumo a áreas de aldeias antes distantes dos garimpeiros, com a conivência do governo.

Também no ano passado houve uma crise no fornecimento de medicamentos básicos aos indígenas, como vermífugos para as crianças, com suspeita de fraude e corrupção no contrato assinado pela gestão Bolsonaro.

O governo Lula (PT) declarou estado de emergência em saúde pública no último dia 20 e criou um comitê de coordenação para enfrentamento à desassistência sanitária na terra yanomami.

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Defesa | Exército

Folhapress - Garimpo nas terras Yanomamis

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