SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Os acusados pela chacina que vitimou 10 pessoas da mesma família no Distrito Federal cometeram mais de 100 crimes, conforme explicou o MPDFT (Ministério Público do Distrito Federal e Territórios). O órgão denunciou nesta quinta-feira (2) os cinco envolvidos no crime. A ação foi apresentada ao Tribunal do Júri de Planaltina.
Durante a entrevista coletiva realizada na tarde desta quinta, na sede do órgão, em Brasília, os promotores disseram que, se condenados, as penas podem variar de 211 anos a 385 anos.
"Um caso sem precedentes na história do Distrito Federal e também um caso de violência marcante no contexto do país. O que temos diante de nós situa-se no campo da monstruosidade. Uma ação planejada, organizada e executada com frieza profunda, revelando por parte dos investigados, total desprezo pela vida", definiu promotor de Justiça Nathan da Silva Neto.
O MP explicou que os presos devem responder por ao menos 102 crimes. Isso porque os delitos são multiplicados pela quantidade de vítimas.
"Nós temos cinco autores, 10 vítimas. Logicamente nem todas as vítimas foram vitimadas pelos mesmos autores, são crimes diversos. Mas, nessa minha contagem por alto, e que deve estar errada, deve ser mais, estamos falando de 102 crimes", informou o promotor de Justiça Daniel Bernoulli.
O crime foi motivado por um terreno de R$ 2 milhões, em Itapoã (DF), segundo informação divulgada da polícia. De acordo com a investigação da Polícia Civil do Distrito Federal, o crime foi planejado.
Durante as investigações, cinco pessoas foram presas pela polícia por suspeita de participação nos crimes. Além disso, um adolescente foi apreendido por envolvimento no caso, mas não está incluído na denúncia do MP. Segundo o MP, há 21 testemunhas relacionadas ao caso.
Para o Ministério Público, Gideon Batista de Menezes, Horácio Carlos Ferreira e Carlomam dos Santos Nogueira são os responsáveis por pensar o crime, e são os que respondem por maior quantidade de denúncias. Na avaliação dos promotores, Gideon ocupava a chefia do grupo.
OS CRIMES PELOS QUAIS OS RÉUS FORAM DENUNCIADOS
- Gideon Batista de Menezes: homicídio triplamente qualificado, homicídio duplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, sequestro e cárcere privado, extorsão mediante sequestro, constrangimento ilegal com uso de arma, associação criminosa e roubo.
- Horácio Carlos Ferreira Barbosa: homicídio quadruplamente qualificado, homicídio triplamente qualificado, homicídio duplamente qualificado, ocultação e destruição de cadáver, corrupção de menores, extorsão mediante sequestro, sequestro e cárcere privado, constrangimento ilegal com uso de arma, associação criminosa, roubo e fraude processual.
- Carlomam dos Santos Nogueira: homicídio quadruplamente qualificado, homicídio triplamente qualificado, extorsão mediante sequestro, corrupção de menor, ocultação e destruição de cadáver, sequestro e cárcere privado, ameaça com uso de arma, associação criminosa, constrangimento ilegal com uso de arma e roubo.
- Carlos Henrique Alves da Silva: homicídio duplamente qualificado e sequestro e cárcere privado.
- Fabrício Silva Canhedo: extorsão mediante sequestro, associação criminosa, roubo e fraude processual.
RELEMBRE O CASO
A ideia dos criminosos, de acordo com a polícia, era se apossar de um terreno para vendê-lo. Mas, para evitar que qualquer herdeiro reivindicasse a posse do imóvel, os assassinatos foram se estendendo para toda a linha sucessória familiar.
O crime teve início na chácara em Itapoã, quando Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54, a esposa Renata Juliene Belchior, 52, e a filha deles, Gabriela Belchior de Oliveira, 25, foram rendidos. Na ocasião, em 28 de dezembro, dois suspeitos que trabalhavam no local facilitaram a entrada de outros dois criminosos, e fingiram também serem vítimas.
O primeiro a ser morto foi Marcos, que levou um tiro na nuca, e ainda respirava quando foi esquartejado, conforme indicaram os criminosos em depoimento à polícia.
Além disso, seis corpos foram carbonizados e encontrados dentro de carros em Goiás e Minas Gerais. A cabeleireira Elizamar da Silva, e três filhos dela, Rafael, Rafaela e Gabriel, de 6 e 7 anos, foram encontrados em Cristalina (GO). Em Unaí (MG), os outros dois corpos carbonizados eram de Renata Juliene Belchior, 52, e Gabriela Belchior, 25, mãe e filha, sogra e cunhada de Elizamar.
Outros três corpos foram encontrados em fossa em Planaltina (DF). As vítimas foram identificadas como Thiago Belchior, marido de Elizamar; Claudia Marques de Oliveira, ex-mulher de Marcos Antônio; e Ana Beatriz Marques de Oliveira, filha de Claudia e meia-irmã de Thiago.
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