SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Carnaval de rua voltou oficialmente a se espalhar pelas ruas do país. Depois de dois anos sem a festa, as principais capitais esperam receber milhões de pessoas para a folia. Para não passarem despercebidos na multidão, alguns foliões estão em busca de roupas e adereços exclusivos para se destacar.
Para eles, as fantasias improvisadas ou compradas em grandes lojas ficaram para trás. Agora, garimpam pequenas lojas, impulsionadas pelas redes sociais, atrás de peças de roupas e acessórios mais sofisticados. Para se destacarem, estão dispostos a investir alto.
A base dos "looks" não deve mudar muito: top, biquíni, body e hotpant estão entre os mais procurados. Mas o investimento é para garantir peças com mais brilho, cortes e tecidos mais sofisticados.
A duas semanas do Carnaval, algumas dessas lojas já estão com o estoque esgotado de tiaras de cabelo que custam mais de R$ 1.000, shorts e tops vendidos por mais de R$ 300. Segundo os comerciantes, neste ano os foliões estão mais dispostos a investir em peças exclusivas e que se destaquem nos blocos.
"As pessoas não querem mais um acessório que todo mundo vai ter igual. Não é porque o Carnaval é na rua que elas não vão se montar. Por isso, elas estão dispostas a pagar mais caro para ter algo mais exclusivo, mais diferente", afirma Giovanna Offer, 29, dona de uma loja de adereços para cabelo.
No seu estoque, as primeiras peças a esgotar foram as mais caras, com preços que chegam a R$ 1.600. Ela conta ter investido na criação de acessórios mais sofisticados neste ano para atender a esse público. Em 2020, as tiaras custavam em média R$ 400 e, agora, R$ 700.
Só em janeiro, ela vendeu R$ 32 mil em produtos de Carnaval --o dobro do que costumava faturar em anos anteriores. "As pessoas estão empolgadas com a volta do Carnaval. Ficaram sem a festa por dois anos e agora querem aproveitar bem, ficar bonitas."
Daniella Kapps, 36, dona de uma loja de acessórios para cabelos, também ficou surpresa ao ver que as peças mais caras de seu catálogo foram as primeiras a esgotar. As tiaras com preços de R$ 700 a R$ 800 acabaram antes mesmo do início de fevereiro.
"As peças mais sofisticadas e maiores são as que estão tendo mais procura. Acho que as pessoas não querem mais ir para a rua e ver todo mundo com uma peça igual", diz.
Proprietária de uma loja de roupas em Belo Horizonte, Carolina Azevedo, 43, afirma que está com dificuldade de ter estoque de peças de Carnaval para a loja física por causa do volume de vendas online. Ela comercializa macacões, bodys e tops com brilho e cores fortes que podem custar até R$ 380.
"Trabalho com isso há um tempo e nunca vi uma procura tão grande e com tanta antecedência. As clientes estão encomendando de 3 a 4 peças, cada uma com um preço médio de R$ 300, para montar os looks de Carnaval", afirma ela.
A empresária Érika Fisher, 46, decidiu que para o retorno do Carnaval iria investir em roupas mais diferentes e confortáveis para curtir os blocos. Ela afirma ter gastado cerca de R$ 800 em três peças que pretende usar nos dias de festa.
"Eu moro na Vila Madalena, sempre aproveitei muito o Carnaval. Adoro me montar e criar looks diferentes. Então, achei que valia investir em peças boas, bonitas e confortáveis para a cada dia criar um visual diferente", diz.
Apesar de ter comprado as roupas, ela mesma pretende fazer os acessórios. Ela e um grupo de amigas costumam se reunir algumas semanas antes do Carnaval para ir à rua 25 de Março, na região central de São Paulo, para comprar miçangas, penas e aviamentos para criar os acessórios.
Érika diz que resolveu investir em peças mais caras neste ano porque, com a pandemia, percebeu que pode usar as roupas em outras festas e eventos. "Dá para montar looks menos chamativos com essas peças, que são lindas. Então, não é uma roupa só para o Carnaval. Dá para usar o ano todo."
Segundo as comerciantes, São Paulo e Rio de Janeiro são as cidades em que as clientes mais têm procurado as peças mais caras.
Na capital paulista, os ensaios do Carnaval de rua começaram ainda em janeiro. Para a folia oficial são esperados mais de 500 blocos.
No Rio, a prefeitura promete montar a maior estrutura de sua história para receber o Carnaval deste ano. Com centenas de ensaios e blocos espalhados pela cidade, a expectativa é de público de 5 milhões de pessoas, maior do que em 2020.
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