SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Que chuva que nada. Quando um dos maiores ícones da música popular brasileira está no comando, não tem tempo ruim. Alceu Valença agregou tribos, unificou diferenças e mostrou, mais uma vez, que Carnaval dos bons é aquele que arrasta multidões animadas.

Faltavam três minutos para as 15h, quando o pernambucano subiu ao palco com o grito, em uníssono, "bicho maluco beleza".

A galera foi ao delírio.

Neste sábado (11), Alceu Valença levou seu tradicional Bicho Maluco Beleza, pela sétima vez, ao Carnaval Viva a Rua, na maior metrópole do país.

Teve de tudo, aos montes. Crianças. Casais. Famílias inteiras das mais diferentes origens e paletas. Velha guarda montada. A única coisa não permitida por ali era a gente ficar parada. Mas como?

A expectativa de público era de 450 mil pessoas, segundo os organizadores. Numa olhada panorâmica do alto do caminhão de som, parecia que não chegava a tanto, porém, que estava lotado, ninguém duvidava.

Marcando a retomada do Carnaval de rua, a Pipoca, plataforma de impacto cultural para pessoas, marcas e cidades, voltou a fazer a festa na região do Obelisco no Ibirapuera, na zona sul da cidade.

Primeiro foi com a apresentação do paraibano Chico César. É inegável, todavia, que a empolgação, mesmo, e o público em alvoroço vieram com o pernambucano Alceu.

"Vim em todas as outras apresentações anteriores. Estava com saudade tanto do Alceu quanto do Carnaval", conta Luiza Barros, 26, estudante, moradora de Moema (zona sul de SP).

Ela foi acompanhada da mãe, Tereza Barros, 58, advogada. "Sou fã de Alceu desde a época em que morava no Nordeste, nos anos 1980. Este é o Carnaval da libertação ", afirma a advogada.

No repertório, Alceu cantou uma seleção conhecida de seus fãs, como os clássicos "La Belle de Jour", "Morena Tropicana" e "Anunciação", entre outras que empolgaram os foliões.

Com participação de Mariana Aydar, o desfile do bloco aconteceu na avenida Pedro Álvares Cabral, em frente à praça do Obelisco, no parque Ibirapuera.

Foi o primeiro Carnaval de rua da aposentada Lucinda Roque dos Santos, 69, de Sorocaba (83 km de SP), que veio curtir a festa trazida pelo filho, o professor de inglês Márcio Fernando Santos, 31, morador de São Paulo há quatro anos. "Depois de tanto tempo reprimida pela religião, hoje ela está se permitindo viver", conta o filho. Mamãe, de imediato, responde: "Quem não quer viver, ser feliz?".

Com chuva, ventania, lama na praça, pouco importa, o que todos ali procuravam era um pouco de diversão.

Antes de cair na folia, a advogada Carolina Rios, 27, aproveitou para ir à região da 25 de Março para montar seu look carnavalesco.

"Queria algo brilhante que sintetizasse este momento de ruptura ", conta. "É hora de brilhar. É Carnaval, tempo de celebrar a vida", disse.

Do alto, orquestrando cada gesto do público, Alceu Valença, em pleno vigor, aos 76 anos de idade, mostrou que não tem essa de tempo feio.

A chuva banhou a multidão que cantava, emocionada, "La Belle de Jour", num dos momentos mais catárticos até agora do Carnaval de São Paulo.


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