SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Vizinhos do entorno da praça Júlio Prestes, no centro de São Paulo, onde antigamente se concentrava a cracolândia, afirmam que usuários de drogas estão ocupando os imóveis lacrados nas ações de maio de 2022 e apontam as invasões como possível causa de desabamentos registrados nesta quinta-feira (16) e na semana passada.

Segundo moradores da região, dependentes químicos invadem os imóveis e usam marretas para destruir a alvenaria e retirar estruturas de ferro com o objetivo de vender o material a ferros-velhos próximos. Outro indício de ocupação são cortinas instaladas nas janelas dos sobrados.

Eles relataram que, na madrugada desta quinta, ao menos dois homens passaram horas arrancando tijolos do imóvel que desabou. Um carro com dois ocupantes passava pela rua no momento do desabamento e foi atingido pelos escombros. As vítimas foram socorridas pelo Corpo de Bombeiros.

No último dia 6, outro imóvel lacrado na região (na esquina da ruas Helvétia com Barão de Piracicaba) também desabou parcialmente, durante um temporal.

A Subprefeitura da Sé afirma que irá realizar perícias para apurar as causas dos desabamentos.

De acordo com o secretário-executivo de projetos estratégicos da Prefeitura de São Paulo, Alexis Vargas, equipes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) atuam na região para impedir a ocupação dos imóveis fechados. Ele disse também que irá pedir a instalação de muros para dificultar o acesso às construções.

Os imóveis eram ocupados por traficantes e usuários de drogas e foram lacrados após a mudança do fluxo -como é chamada a concentração de usuários de drogas da cracolândia- do entorno da praça Júlio Prestes para a praça Princesa Isabel.

Após a mudança, paredes de concreto foram instaladas pela prefeitura, a pedido da Polícia Civil. Exceto pelas portas concretadas, não há mais nenhum tipo de obstáculo que impeça o acesso aos imóveis.

Segundo as investigações, os locais eram usados para esconder drogas. As construções também formavam uma espécie de labirinto por onde os traficantes fugiam durante as ações policiais na cracolândia, atualmente espalhada pelas ruas da Santa Ifigênia, também no centro.

Alguns imóveis constam em processos de tombamento no Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico) e, por isso, não são alvo de pedidos de demolição por parte da administração municipal.


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