SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O apresentador Marcelo Tas diz ter pensado, mais de uma vez, antes de tirar do armário o terno, a gravata e o par de óculos escuros com os quais desfilou pelo sambódromo do Anhembi, em São Paulo, na noite de sábado (18). "Na hora de escolher a roupa, eu pensei: 'P*rra, vai despertar de novo essas perguntas, essas paixões.' Mas falei: 'Não, vou de CQC'."
O conjunto em preto e branco evoca não apenas o período em que esteve à frente do humorístico transmitido pela TV Bandeirantes, mas também críticas pela visibilidade que a atração deu ao então deputado federal e hoje ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Passados oito anos desde o fim do programa, Tas diz que o assunto, para ele, "é uma conversa já resolvida". E gargalha ao refletir sobre a associação feita entre o CQC e o ex-mandatário. "Eu acho uma bela piada. Só faltava essa, né? Você botar a culpa num programa de humor por um cara que tem mais de 50 milhões de votos."
Ele diz, ainda, que jamais se questionou se eventualmente teria impulsionado a candidatura de Bolsonaro à Presidência. "Nunca me deixou [em dúvida], porque eu fui ferido muitas vezes, tive situações muito delicadas", reflete.
"Ele, de uma maneira muito agressiva, falou do meu filho. E eu tive que responder isso ao vivo", afirma à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, em referência a uma resposta dada em rede nacional, em 2011, após uma fala homofóbica do então parlamentar.
"Os meus embates com o Bolsonaro são muito concretos. Por isso que eu não tenho dúvida quando essas pessoas levantam qualquer tipo de hipótese", continua. "Eu estou muito feliz por estar dentro dessa roupa."
Tas foi à avenida pela Estrela do Terceiro Milênio, escola que homenageou o humor e personalidades do segmento em seu desfile. Ele afirma que o tema veio em boa hora. "A gente viveu uma brutalidade. É muito forte o que aconteceu com a gente nesses anos todos. O humor, para mim, volta a ser necessário para a minha saúde", acredita.
Ao se reunir com os demais foliões da escola de samba pouco antes do desfile, o apresentador recebeu inúmeros pedidos de fotos -- inclusive de crianças. "Algumas delas me assistem no YouTube. O [Ernesto] Varela [um alter-ego criado por ele nos anos 1980] viraliza no TikTok. Tem um vídeo do Varela com quatro milhões de visualizações", conta, animado. "Tem gente que nos vê de qualquer lado, de qualquer plataforma. Eu acho uma delícia essa era que a gente vive."
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