SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A chuva que atingiu as cidades de São Sebastião e Bertioga, causando destruição e mais de 40 mortes, foi superior a toda precipitação acumulada em janeiro e fevereiro de 2022. Em outras palavras, choveu entre a madrugada de sábado (18) e a noite de domingo (19) mais do que em dois meses, segundo dados do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).

Em São Sebastião, enquanto as estações do Jaraguá e da Enseada registraram, respectivamente, 156,78 mm e 129,65 mm no último fim de semana, Barra do Una teve 648,53 mm, e Juquehy 2, 694,22 mm.

Na soma dos 59 dias de janeiro e fevereiro, as estações de Una e Juquehy 2 registraram 882,12mm e 796,03 mm, respectivamente.

Em Bertioga, foram registrados 694,22 mm de água na estação da Praia de Guaratuba. Em janeiro e fevereiro do ano passado, o acumulado em Guaratuba foi de 624,48 mm.

Os números são muito superiores aos verificados na capital, por exemplo. Em São Paulo, a estação meteorológica do Butantã registrou 75,55 mm nos dias 18 e 19 de fevereiro, e 513,66 mm somando o acumulado nos dois primeiros meses de 2022.

O índice pluviométrico refere-se à quantidade de chuva em determinado local e período. Nesse cálculo, 1 mm de chuva equivale a 1 litro de água por metro quadrado. Isso quer dizer que, em Juquehy 2, choveu o equivalente a 694 litros de água por metro quadrado no sábado e domingo.

Em São Sebastião como um todo, o temporal resultou no acumulado de 626 mm. Para chegar ao índice municipal, são considerados os dados das estações meteorológicas espalhadas pela cidade, nas quais há instalados aparelhos conhecidos como pluviômetros.

O instrumento é composto pelo funil de captação e o reservatório, quando a medição é feita e anotada manualmente, ou então pelo funil de captação e uma espécie de gangorra que se movimenta com o peso da água e envia sinais indicando a quantidade de chuva.

"A cada queda da gangorra, o pluviômetro automático conta um índice, geralmente 0,3 mm, e vai somando", diz André Mendonça Decco, meteorologista do IPMet Unesp (Instituto de Pesquisas Meteorológicas da Unesp).

A Defesa Civil Estadual já previa que o litoral norte seria atingido por fortes chuvas, com 200 mm de precipitação, mas o que se viu foi um fenômeno muito maior, explicado pelo choque de diferentes sistemas climáticos.

O transporte de umidade e calor da região amazônica encontrou, sobre a serra do Mar, uma frente fria que avançava a partir do sul do continente, levando a um evento que pode ser classificado como extremo.

De acordo com o governo estadual, trata-se do maior acumulado de chuva que se tem registro no país, ficando acima dos 530 milímetros de chuva em Petrópolis (RJ), em 2022, mas os institutos de meteorologia ainda não confirmam essa informação.


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