SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As emissões globais de dióxido de carbono (CO2) relacionadas à energia atingiram um recorde de 36,8 bilhões de toneladas no ano passado, disse a AIE (Agência Internacional de Energia) nesta quinta-feira (2).

Apesar disso, a alta foi menor do que era esperado, devido à adoção de mais tecnologias limpas, como energia solar e veículos elétricos, que ajudaram a limitar o impacto do aumento do uso de carvão e petróleo.

A análise mostrou que as emissões globais aumentaram 0,9% em 2022.

Isso acontece ao mesmo tempo em que cortes profundos nas emissões, principalmente pela queima de combustíveis fósseis, são necessários para cumprir as metas de limitar o aumento na temperatura global e impedir a mudança climática descontrolada, ressaltaram cientistas.

"Ainda vemos as emissões de combustíveis fósseis crescendo, o que dificulta os esforços para atingir as metas climáticas do mundo", disse Fatih Birol, diretor executivo da AIE, em um comunicado. A agência avalia que as energias não renováveis têm "uma trajetória de crescimento insustentável".

As emissões por carvão cresceram 1,6% no ano passado, já que muitos países recorreram a esse combustível mais poluente depois que o preço do gás disparou com a redução no fornecimento russo para a Europa, devido à Guerra da Ucrânia.

As emissões de CO2 do petróleo tiveram alta de 2,5%, mas permaneceram abaixo dos níveis pré-pandêmicos, segundo o relatório. Cerca de metade desse crescimento está associado aumento nas viagens aéreas, que estão se recuperando de uma baixa durante a pandemia da Covid-19.

A menor produção de usinas nucleares e eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor, também contribuíram para o aumento das emissões relacionadas à energia, disse a AIE.

Apesar disso, elas foram parcialmente compensadas pela ampliação de fontes de energia renováveis, como eólica e solar, medidas de eficiência energética e veículos elétricos. Isso evitou 550 milhões de toneladas adicionais de emissões de CO2 no ano passado, segundo a agência.

Por regiões, as emissões dos Estados Unidos, aumentaram 0,8%, com uma forte demanda de energia devido às temperaturas extremas enfrentadas pelo país.

Na Ásia (exceto China), elas cresceram 4,2%, puxadas pelo crescimento econômico no continente. A China, onde as restrições relacionadas à Covid-19 estavam em vigor até o final do ano passado, manteve o mesmo nível de emissões de CO2.

Já na União Europeia, os índices caíram 2,5%, graças ao forte investimento em renováveis, impulsionado pela crise energética causada pela guerra.

O relatório da AIE chega apenas algumas semanas depois que grandes petroleiras, como Chevron, Exxon Mobil e Shell, registraram lucros recordes. A BP recuou, ainda, nos planos de cortar a produção de petróleo e gás e reduzir emissões.

"As empresas nacionais e internacionais de combustíveis fósseis estão obtendo receitas recordes e precisam assumir sua parcela de responsabilidade", disse Birol.

Nesta quarta-feira (1), a Petrobras anunciou lucros de R$ 188,3 bilhões em 2022 -os mais altos da história não apenas para a estatal, mas também entre todas as empresas brasileiras.


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