RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Uma operação da Polícia Civil fechou escolas e unidades de saúde no Complexo da Maré, na zona norte do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (2). Não há registro de prisões, apreensões ou feridos.
Segundo a corporação, policiais ocuparam o complexo de favelas com o objetivo de evitar conflitos na região entre as duas maiores facções do Rio, Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro. A operação, ainda segundo a Polícia Civil, foi deflagrada após um levantamento de informações e dados de inteligência.
"Dados de investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes dão conta de que há uma enorme tensão entre o Comando Vermelho e o Terceiro Comando Puro após a soltura de um dos líderes de uma das quadrilhas", diz a Polícia Civil.
Moradores relatam um intenso confronto em várias localidades do Complexo da Maré, como Conjunto Esperança, Timbau, Vila dos Pinheiros e Vila do João.
Segundo a plataforma Onde Tem Tiroteio, há registros de tiros desde as 10h desta quinta, no horário escolar. Em uma escola municipal, crianças foram colocadas sentadas ou deitadas nos corredores para se protegerem dos tiros.
"É um cenário de guerra dentro da Maré. Foi um desespero total, as crianças tiveram que se jogar no chão, os professores tentando proteger os alunos. Fora os profissionais de saúde, que também ficaram presos dentro das unidades da região, que também tiveram que fechar", relatou a líder comunitária Flávia Cândido.
A ação policial, segundo ela, abrange desde o Conjunto Esperança até a região conhecida como Baixa do Sapateiro. Isso envolve diretamente cerca de 70% dos alunos da rede municipal da Maré, entre creches e escolas.
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, todas as unidades de ensino da Maré e entorno acionaram o protocolo de segurança para proteger alunos, corpo docente e responsáveis. Parte do protocolo consiste em levar os estudantes para locais de menor impacto dentro das próprias unidades, como foi no caso da foto que mostra alunos em um corredor.
Ainda de acordo com a pasta, seis unidades prestaram atendimento remoto na parte da tarde.
O Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação) emitiu uma nota em que repudia a operação.
"Nos solidarizamos com as (os) colegas, alunos, pais e responsáveis das escolas da Maré, que trabalham sob enorme estresse, muitas vezes em condições estruturais inapropriadas e com ordens desencontradas por parte da Secretaria", diz trecho do comunicado.
UNIDADES DE SAÚDE
Unidades de saúde da Maré também foram afetadas pelo tiroteio. O centro municipal de saúde Vila do João e as clínicas da família Augusto Boal e Adib Jatene acionaram o protocolo de segurança e interromperam o funcionamento, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
Na clínica da família Jeremias Moares da Silva, o atendimento à população foi mantido -apenas as atividades externas, como visitas domiciliares, foram suspensas.
A Polícia Militar informou que agentes do batalhão de policiamento em vias especiais reforçaram a segurança na Linha Amarela, na altura do Complexo da Maré.
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