RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O soldado Gabriel Henrique dos Santos, 18, morto no Rio, na última sexta (3), apresentou edema cerebral, infiltração pulmonar difusa, sangramento pulmonar bilateral e distensão de alças abdominais e febre de 42ºC.

A informação consta do relatório do atendimento médico assinado por uma major. Consta do documento que o jovem foi levado ao Hospital Central do Exército, em Benfica, também na zona norte da cidade, depois de sofrer uma convulsão durante treinamento.

Gabriel morreu no segundo dia do curso, realizado na unidade da PE (Polícia do Exército), na Tijuca, zona norte da capital.

A causa da morte é apurada pela Polícia Civil.

Tia do soldado, Luciana Santos diz ter ido, no último sábado (4), à unidade onde ocorreu o treinamento para saber o que havia ocorrido com o sobrinho.

Ela gravou a conversa, à qual a reportagem teve acesso, e afirma que o interlocutor era um oficial responsável por acolher a família, do qual não se recorda o nome.

No diálogo, ela cobra a apuração do caso. Ela diz: "Vocês vão provar tudo isso. Vocês vão botar tudo preto no branco".

A pessoa que responde que "sim" e que seria "preto no branco, no azul e no amarelo".

Ela pergunta, então, se treinamento mata e o militar diz que não mata. Luciana questiona, então, "e tortura?". A pessoa responde que tortura não mata e pergunta se ela já foi torturada.

O interlocutor afirma, em seguida, que nunca torturou ou castigou alguém. Ele acrescenta que esse não era o primeiro caso de morte em treinamento.

O jovem foi enterrado nesta segunda (6), no cemitério Jardim da Saudade, na zona oeste do Rio. Durante o enterro, representantes do Exército estiveram presentes. Luciana afirmou que um coronel disse que iria apurar quem foi o militar que fez a indagação.

Em boletim de ocorrência sobre o caso, um amigo do militar afirmou que todos foram obrigados a realizar atividades físicas na sexta (3) com casacos de manga longa. Segundo o sistema Alerta Rio, da prefeitura, a máxima registrada no dia foi de 41,3ºC.

Procurado sobre o áudio, o Exército não se manifestou. Sobre a morte do jovem, a instituição disse que "durante a realização de instrução teórica, no dia 03 de março de 2023, o soldado Gabriel Henrique dos Santos Lima, do Arquivo Histórico do Exército, sentiu-se mal e foi prontamente atendido pelo médico do quartel".

A corporação afirmou, também, que foi instaurado um procedimento administrativo para apurar o caso e que "lamenta profundamente a morte do militar e está prestando todo o apoio de saúde e religioso à família".

Gabriel era técnico em informática e queria ser militar para trabalhar no setor de tecnologia. O irmão da vítima, Gustavo Henrique dos Santos, 25, disse que ele já havia passado mal na última terça (28), quando participou da ordem-unida, uma formação habitual de marcha, após ficar horas embaixo do sol.

"Ele passou mal e teve ânsia de vômito, mas mandaram ele lavar o rosto e voltar para a fila. E disseram que passar mal dentro do quartel é normal", afirma.

Esse é o segundo jovem que morre na mesma unidade de treinamento do Exército em um ano. Em março de 2022, o soldado recém-formado Pedro Henrique Pereira dos Santos, 18, morreu após passar mal durante os exercícios físicos.


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