SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A linha 15-prata do monotrilho de São Paulo voltou a operar parcialmente depois de três horas de paralisação total. Uma batida entre dois trens paralisou a operação desde as 7h desta quarta-feira (8). A operação foi retomada as 10h05, de forma parcial.
Os trens da linha 15-prata, segundo o Metrô, foram posicionados e a circulação está retomada em alguns trechos. De Vila Prudente a São Lucas, a circulação será em carrossel, com três trens; de São Lucas a Vila Tolstoi, a circulação acontece por via única (shuttle), com um só trem. Nos demais trechos, a circulação de trens segue paralisada. O atendimento aos passageiros também é feito em todos os trechos, com 40 ônibus do sistema Paese.
Segundo informações do Metrô, a colisão não deixou feridos. O acidente aconteceu por volta das 4h30, durante o posicionamento dos trens ao longo da linha 15.
A informação oficial do Metrô é de que as duas composições se chocaram entre as estações Sapopemba e Jardim Planalto.
Os trens bateram sobre a avenida Sapopemba. Agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) interditavam o trecho próximo da estação Sapopemba, sob o trem batido, para evitar que peças caíssem na via. As ruas do entorno ficaram completamente congestionadas.
A SPTrans afirmou que 25 linhas de ônibus estão sendo desviadas desde as 7h, em razão de interferência na Av. Sapopemba com a Av. Arquiteto Vilanova Artigas, no sentido centro.
Uma investigação já foi iniciada para saber o motivo do acidente.
A operação dos trens na linha 15-prata foi totalmente paralisada das 7h às 10h05 e os passageiros são atendidos pelo sistema Paese (Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência). No total, 40 ônibus foram colocados em circulação.
Segundo Antônio Barros, gerente de operações do Metrô, a colisão frontal ocorreu no momento em que o carrossel de trens era preparado para distribuir os trens na via, antes do início da operação.
Técnicos da companhia trabalham para identificar a causa da colisão e como farão para retirar as composições e retomar a circulação de trens. Não há previsão de normalização do sistema.
Além da perícia nos trens, serão avaliadas as mensagens de rádio dos condutores para tentar identificar o que pode ter causado a batida, diz Barros.
O coordenador ainda afirmou que nenhum dos condutores dos trens ficou ferido. Um deles, que sentiu um pouco de dor no braço, foi atendido por uma equipe médica, mas não tinha lesões.
Com as estações fechadas, muitos tentaram embarcar nos ônibus do Paese, mas a tarefa era árdua.
Os coletivos já chegavam cheios na estação Sapopemba e era preciso se espremer para conseguir embarcar. "Que belo jeito de começar o Dia da Mulher", disse Andréia Miranda, 40, que trabalha em uma lavanderia na região da estação Vergueiro.
Ela só ficou sabendo que o monotrilho estava sem funcionar ao chegar na estação Sapopemba. "Agora vai ser uma hora apertada nesse Paese até chegar no metrô."
A costureira Quitéria Ferreira de Carvalho, 51, ficou sabendo da colisão entre os trens quando estava no ônibus a caminho da estação. "Trabalho na Oscar Freire e nem sei que horas vou chegar. Já avisei o pessoal lá", disse.
Para atestar no trabalho a causa do atraso, dezenas de passageiros filmavam e fotografavam o monotrilho batido e a aglomeração para embarcar no coletivo. Ao longo das avenidas Professor Luís Ignácio de Anhaia Mello e Sapopemba era possível ver pontos de ônibus cheios e muitos coletivos que já não paravam para embarcar mais pessoas de tão cheios.
Quem tentava utilizar carros de aplicativo, tinha de esperar quase 30 minutos por um carro, além de pagar altas tarifas.
A manicure Laís Suelen Neri Trindade, 25, tinha uma consulta em Heliópolis (zona sul de SP) as 8h e, para não chegar atrasada, tentava um carro de aplicativo. "Vou pagar R$ 80. Era pra pagar menos de R$ 10 se o monotrilho não estivesse batido. Quem paga esse prejuízo, né?"
O Sindicato dos Metroviários e Metroviárias afirmou que a operação da linha 15-prata do monotrilho ficou paralisada por causa do acidente e não devido ao movimento dos trabalhadores que foi iniciado depois do episódio, em busca de esclarecimentos.
"A linha está parada porque houve uma colisão entre dois trens, a 15 metros de altura. Isso por si só já causaria a paralisação porque é um sistema de carrossel e ainda tem a investigação", disse Camila Ribeiro Lisboa, presidente do sindicato.
De acordo com a presidente, ainda não há clareza sobre as causas do acidente.
"Não se tem clareza qual o sistema existente contra colisão. Os trabalhadores, antes de assumir a operação, querem saber o que aconteceu, querem informações. Erros operacionais acontecem no metrô do mundo todo. Mas existem tecnologias para evitar colisões, tanto que em outras linhas não acontecem, mas na 15 acontece e não é a primeira vez.
No meio da manhã, segundo o Sindicato dos Metroviários, os trabalhadores voltaram a operar o trem diante de uma garantia de segurança inclusive por escrito.
**HISTÓRICO**
No dia 20 de janeiro, falhas no sistema de controle paralisaram a linha 15-prata do monotrilho de São Paulo duas vezes.
Depois de circularem com velocidade reduzida desde as 6h, os trens pararam de vez as 10h55. E só voltaram a circular as 16h19, cerca de cinco horas e meia depois. O Metrô informou, porém, que precisou interromper a circulação novamente as 19h49 e por por causa de outra pane nos sistemas de controle.
Em setembro do ano passado, um bloco de concreto caiu de uma altura de 15 metros sobre uma ciclovia na avenida Luiz Inácio Anhaia Mello, na zona leste da capital.
Em 2020, o estouro de um pneu lançou uma placa de metal que caiu na avenida Sapopemba e paralisou a linha durante cerca de cem dias.
Em janeiro de 2019, dois trens se chocaram na estação Jardim Planalto. Um dia depois, um equipamento chamado terceiro trilho se soltou e ficou pendurado a 15 metros do solo. Depois, o muro de uma das novas estações desabou sobre a escada que dá acesso à plataforma.
Relatório feito pelo Caex (Centro de Apoio Operacional à Execução), do Ministério Público de São Paulo, apontou erros de projeto e de execução da linha como causas do problema.
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