SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A idosa que morreu em um alagamento em Moema, zona sul de São Paulo, morava na região e tinha ido comprar pão, segundo sua neta publicou em uma rede social.
Nayde Pereira Cappellano, 88, dirigia um Peugeot, que foi arrastado pela água na rua Gaivota e ficou parcialmente submerso.
Segundo a publicação da advogada Mariana Cappellano, a avó tinha ido fazer compras.
"Aqui, com a bolsa dela tirada do carro, encontro nota de presentes para crianças. No carro tinha pão, pois ela tinha ido na [rua] Treze de Maio comprar", escreveu.
Na publicação, a idosa é descrita como autossuficiente e cheia de vida.
"Ela pensou que como antigamente, pois morava a cinco quarteirões dali, o carro passaria, mas ao entrar na rua não conseguiu mais sair. Foi engolida pela água. E então de que vale nossa matriarca ser o exemplo, nunca ter bebido nem fumado, se cuidava e novamente na ativa em bateria de exames", questionou.
Nayde, de acordo com Mariana, teve quatro filhos, seis netos e oito bisnetos.
"Lúcida. Mais do que muito adulto por aí. Estou inconformada! Vou agir. Agir porque já estava sofrendo dia a dia em ver o bairro se transformar em um comércio ridículo com novas construções completamente inúteis, destruindo árvores, histórias, vidas. E hoje sinto na pede a dor da tragédia", completou.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a mulher teve uma parada cardiorrespiratória.
A SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirmou que a Polícia Civil investiga a morte de uma idosa, encontrada às 18h07, na Rua Gaivota, no bairro de Moema, na zona sul da capital paulista. Foram solicitados exames periciais ao Instituto de Criminalística e ao IML (Instituto Médico Legal) e o caso, registrado como morte suspeita (morte acidental) no 27º DP.
Segundo a prefeitura, a chuva de quarta atingiu 67 mm em Moema, o equivalente a 38% dos 177,6 mm esperados para a cidade no mês.
"O bairro de Moema se encontra em uma área de várzea, ou seja, uma zona com alta incidência de nascentes e córregos, a maioria canalizada. Somado a isso, a região está em uma área baixa em comparação com seus arredores", diz a nota da gestão municipal.
"Quando acontecem eventos com chuvas fortes como de quarta, a água escorre de outros locais para o bairro e encontra as águas endêmicas da região, o que sobrecarrega o sistema de águas pluviais e, em consequência, provoca alagamentos. Isso é ainda mais evidente ao observar que o fenômeno acontece e se dispersa rapidamente. A manutenção e zeladoria permanentes na região também garantem o escoamento rápido das águas da chuva", afirma o texto.
Porteira disse que viu o carro boiando A porteira Neide Leal trabalha em um prédio em frente ao ponto no qual a idosa ficou presa no veículo, na rua Gaivota, e disse que viu o veículo boiando.
"O carro dela desceu já boiando, girou duas vezes e na terceira parou com a frente em cima da calçada. A água estava com mais de dois metros de altura. Eu não tentei ajudar porque o carro tava todo fechado, pensei que não tinha ninguém dentro", contou a porteira.
De acordo com ela, uma moradora viu a idosa dentro do carro batendo na janela.
"Ela ficou muito nervosa porque ligou para os bombeiros sete vezes, mas demoraram mais de meia hora para chegar. Quando chegaram, o povo aqui da rua já tinha conseguido abrir o carro, mas ela já estava morta. Morreu dentro do carro. O carro encheu de água", disse.
Um outro veículo, da marca de luxo BMW, ficou abandonado atravessado na rua, também depois de parar no alagamento.
"Foi no mesmo horário que a mulher morreu. O carro cobriu o carro. Mas era um homem mais jovem. Ele subiu no teto, mas a água tomou conta. Ele viu que não tinha jeito. Pulou do carro e foi embora, deixou o carro aí até agora", contou Neide.
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