SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pacientes que frequentam o Hospital da Mulher, nos Campos Elíseos, centro de São Paulo, reclamam da confusão de informações, da falta de opções para alimentação, de mudanças no atendimento e principalmente da demora para agendar consultas e exames.
O hospital abriu as portas em 14 de setembro do ano passado com a missão de receber as pacientes do antigo Pérola Byington, referência no atendimento do público feminino.
Em outubro, a Folha de S.Paulo mostrou que faltavam suprimentos e que cirurgias estavam sendo desmarcadas, e o superintendente do Seconci-SP (Serviço Social da Construção Civil de São Paulo), responsável pela gestão da bata branca do hospital ?a parte que envolve os profissionais de saúde? disse que os problemas seriam solucionados.
Nos últimos dias, porém, a unidade voltou a ser alvo de críticas.
"Os profissionais são atenciosos, educados, mas da última vez demorei mais de três horas para conseguir marcar o retorno da minha mãe", contou a assistente de projetos Rita de Cássia Firmino Souza, 32, que acompanhava a dona de casa Francisca Firmino Santos, 62.
"São poucos atendentes e chamam cinco pessoas do público geral para uma do preferencial", acrescentou, enquanto aguardava o transporte por aplicativo em frente ao hospital, na manhã desta quinta (9).
A queixa se estende ao serviço de agendamento por meio do WhatsApp.
Para Vanda Albieri, 62, o retorno pelo aplicativo demorou uma semana e, para Marisa Cordeiro de Paula, 53, 15 dias.
Ao lado do marido, Lúcio Antônio de Paula, 56, Marisa disse que o atendimento na nova unidade ainda está muito confuso, com orientações diferentes a depender do atendente e remarcações.
"Na semana passada, eu tinha quimioterapia na quinta-feira. Saí de Caraguatatuba [litoral norte paulista] com a van da prefeitura à 1h e, às 18h, me disseram que eu não seria atendida, que era para eu vir no dia seguinte, na sexta. Na sexta, fiz a químio e hoje [quinta, 9] estou aqui para passar em consulta. Por que não passar no mesmo dia?", questionou a dona de casa, em tratamento para câncer de mama.
Ela relatou que a cada consulta é atendida por um médico diferente, o que gera insegurança em relação ao acompanhamento de seu caso e dificulta a formação de vínculo, e sente falta de um enfermeiro para cada cabine de quimioterapia, como ocorria no Pérola Byington. "São dois ou três para todas [as cabines], acho que falta funcionário", disse. "Não sei que medicamento estou tomando."
Outro problema, indicou Lúcio, é a falta de opções de alimentação no local. "A praça de alimentação é muito cara, só médicos conseguem pagar", reclamou.
"O antigo hospital tinha lanchonetes em volta e quem ia para a quimioterapia tinha a opção de almoço, recebia suco e chá", lembrou Marisa.
A questão foi apontada também por Nolvina da Silva Neta Fontana, 54. "São preços como os de aeroporto. Não é todo mundo que consegue pagar".
Em nota enviada à reportagem pela Secretaria da Saúde paulista, o hospital afirmou lamentar que as pacientes não tenham tido uma boa experiência e que "estuda medidas para aprimorar as ferramentas de agendamento para realização de consultas e exames a fim de ampliar e otimizar os atendimentos".
A instituição disse ainda que não procede a informação de rotatividade na equipe de enfermagem. "A unidade possui cerca de 1,2 mil profissionais em seu quadro de funcionários e prioriza que todas as pacientes sejam acompanhadas pelos mesmos profissionais durante todo o tratamento", declarou o hospital.
O hospital também declarou que cumpre a entrega da alimentação às pacientes que fazem quimioterapia e permanecem por mais de seis horas na unidade e que os valores dos alimentos vendidos na unidade são determinados em contrato.
Segundo a nota, todos os serviços do hospital já estão em funcionamento, porém a instituição deve operar com 100% de sua capacidade até o último trimestre deste ano.
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