SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Morreu nesta sexta-feira (10), aos 92 anos, o químico búlgaro-israelense Raphael Mechoulam, conhecido como "pai da maconha medicinal".
Foi ele quem identificou, entre 1963 e 1964, dois dos principais canabinóides da maconha: o THC (tetrahidrocanabinol), principal psicoativo da droga, e o CBD (canabidiol), componente mais importante de boa parte dos medicamentos produzidos industrialmente a partir de plantas da família Cannabis.
As pesquisas de Mechoulam, que por décadas lecionou na Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, também identificaram que o corpo humano tem um grupo de receptores e enzimas que se ligam aos componentes da maconha, chamado de sistema endocanabinoide.
"Meu interesse sempre foi na química de produtos naturais. E milhões usavam a cânabis sem conhecimento detalhado de sua estrutura química e farmacológica ou de seus efeitos fisiológicos e biológicos. Por isso, nos anos 1960, decidi estudar a maconha e obtive matéria-prima com a polícia, que foi surpreendentemente aberta", contou o cientista à Folha em entrevista no ano passado.
"O pessoal do instituto onde eu trabalhava em Israel ligou para um oficial da cúpula do departamento de polícia e, dias depois, eu fui até eles e voltei para casa com cinco quilos de haxixe. Nesse ramo da pesquisa científica, é sempre bom ter uma administração pública e um governo não muito restritos", complementou.
Suas pesquisas possibilitaram a produção de remédios usados no tratamento e alívio de sintomas de doenças como Alzheimer, glaucoma, Parkinson, esclerose múltipla, epilepsia, câncer e depressão, e renderam homenagens e prêmios ao longo dos anos.
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