BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O secretário de Acesso à Justiça, Marivaldo Pereira, da pasta de Flávio Dino (Justiça) disse à Folha de S.Paulo nesta quinta-feira (16) que a visita feita pelo ministro ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, é só a primeira de várias que ocorrerão ao longo do mandato a locais como esse.

Segundo Pereira, a pasta terá como uma de suas diretrizes a aproximação entre governo e comunidades.

A ida de Dino à comunidade nesta semana provocou reação de parlamentares bolsonaristas, que chegaram a acusar o suposto envolvimento dele com o crime organizado.

Eles afirmam que havia pouco aparato de segurança para uma agenda como essa, o que a pasta nega.

Marivaldo Pereira, que esteve ao lado do ministro no Complexo da Maré na segunda-feira (13), afirma que a prioridade da nova gestão é se fazer presente para a população que mais precisa.

"A função da nossa secretaria é esse diálogo com a sociedade civil, e nós iremos a todos os lugares que formos convidados para fazer esse diálogo. Nosso foco é a na população historicamente excluída e que, na gestão anterior, foi a mais prejudicada pela omissão e por ataques odiosos como os que estão sendo reverberados", diz.

O ministro foi ao Complexo da Maré a convite da entidade Redes da Maré e de outras representações de bairros. Na ocasião, segundo Dino, houve debate sobre a segurança pública. Além disso, membros da pasta receberam documento com sugestões para o Pronasci (Programa Nacional de Segurança com Cidadania), que foi lançado na quarta-feira (15) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Moradores do Complexo da Maré participaram do lançamento do programa ao lado do presidente Lula e do ministro no Palácio do Planalto. Eles, inclusive, fizeram uma apresentação antes do anúncio do programa.

Uma dos eixos do Pronasci é o fomento às políticas de segurança pública com cidadania, com foco em territórios mais vulneráveis e com altos indicadores de violência -como o Complexo da Maré.

"É um eixo por meio do qual teremos uma articulação muito forte com territórios, comunidades e favelas, além dos coletivos [que atuam nesses locais]. O Pronasci é um programa de segurança com cidadania, um dos processos é a participação popular na formulação de políticas", disse Tamires Sampaio, advogada e coordenadora do Pronasci, que também estava na agenda no Complexo da Maré.

Tamires destacou que haverá outras agendas nas comunidades e o ministro já sinalizou que pretende dialogar mais vezes com comunidades do Rio de Janeiro e de outros estados. Para a coordenadora, a melhor forma de formular uma política nacional é indo ao local.

A agenda do ministro na Maré passou a ser alvo de críticas de parlamentares da oposição.

Nesta quarta, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por exemplo, publicou nas redes sociais um vídeo que mostra a visita do ministro. Na postagem, Eduardo afirma que Dino entrou no "complexo de favelas mais armado do Rio com apenas dois carros e sem trocar tiros", o que, segundo ele, indicaria um suposto envolvimento do ministro com o crime.

"Manterei, junto com outros deputados, requerimento de convocação do ministro na próxima sessão da Comissão Segurança Pública e isso será oportunidade para ele responder as perguntas", afirmou Eduardo, que também ligou a visita a

O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirma que a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Militar e a Polícia Civil participaram da segurança do ministro e de outros integrantes da pasta à Maré. Em nota, a Polícia Federal também confirma que fez a segurança do ministro na ocasião.

Pessoas ouvidas pela Folha disseram que o ministro foi escoltado por agentes da Polícia Federal, que não estavam uniformizados.

A PRF disse que ajudou na segurança no acesso ao Complexo da Maré, que fica próximo ao local onde o ministro estava, e também não estava uniformizada.

Nas imagens divulgadas nas redes sociais, é possível ver uma viatura da Polícia Militar na esquina da rua que dá acesso ao galpão. O ministro desce de um carro que segue atrás de outro veículo, do mesmo modelo. Ao descer, Dino é cercado por três homens de terno -dois descem do veículo que seguia à frente.

Na visão de Marivaldo Pereira, o movimento nas redes sociais é feito por parlamentares da extrema direita e é baseado em preconceito.

"Isso é um grave preconceito contra as comunidades e favelas. É um preconceito que tem consequências muito drásticas para essa população, porque acaba fazendo com que essa população seja cada vez mais privada do acesso a serviços públicos", disse.


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