SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As conexões culturais entre Brasil e Líbano, como tudo que se torna parte do dia a dia, costumam passar despercebidas. É comum esquecer que o cavaquinho brasileiro é descendente do alaúde, um instrumento de cordas árabe, ou que o costume da venda a crediário tenha sido introduzido aqui por mascates sírio-libaneses, por exemplo.

A partir da próxima terça (21), quem estiver em São Paulo poderá enxergar essas conexões com mais facilidade. A trajetória de imigrantes libaneses rumo ao Brasil é tema de uma exposição no espaço cultural do Conjunto Nacional, na avenida Paulista.

A mostra dará especial atenção à visita de dom Pedro 2º à região em 1876, considerada o marco histórico para que o fluxo de migração tenha se intensificado na década seguinte. À epoca, o território que hoje é o Líbano era dominado pelo Império Otomano.

O Brasil tem hoje o que é considerada a maior comunidade de libaneses e descendentes fora do país ?algo entre 7 milhões e 10 milhões de pessoas, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O tamanho da comunidade libanesa no Brasil ultrapassa a própria população do Líbano, que é de 5,6 milhões, segundo o Banco Mundial.

"A razão para a maior comunidade libanesa do mundo estar no Brasil é por causa da ida de Dom Pedro 2º ao Líbano 1876, porque lá ele foi recebido muito bem, já tinha uma afinidade com os libaneses que aqui [no Brasil] viviam. Então ele aproveitou e convidou a todos que viessem para cá, dizendo que iria recebê-los de braços abertos, e foi o que aconteceu", diz a presidente da Associação Cultural Brasil-Líbano, Lody Brais.

A exposição inclui imagens de cadernos de estudos de língua árabe que pertenciam a dom Pedro 2º e do seu diário, fotos da viagem e o desenho das rotas do monarca e dos navios que traziam os imigrantes ao Brasil. A maior parte das imagens foi cedida pelo Museu Imperial de Petrópolis e pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em parceria com a Associação Cultural Brasil-Líbano. Há também parte do acervo do Museu do Imigrante paulista.

"Estamos abordando as principais influências árabes no Brasil, porque elas são inúmeras", diz a curadora da exposição, Nouha Nader. "Os libaneses gostam muito dos brasileiros porque sabem que aqui há um grande número [deles]. Essa é uma comemoração que diz muito para todos os libaneses."


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