Antes de se mudar para Belém, capital do Pará, a cantora morou em Igarapé-Miri, município do Baixo Tocantins, conhecido como a “capital mundial do açaí”. Daí sua forte relação com a planta.

No álbum Rebujo, de 2019, Dona Onete traz a canção Balanço do Açaí, em homenagem à palmeira símbolo da região amazônica que produz o fruto arroxeado, popularizado no país. Consumido em forma de pirão, suco ou sorvete, o açaí tornou-se parte fundamental da cultura alimentar brasileira.

Além da flora amazônica, a letra também enaltece a fauna brasileira, trazendo pássaros de diferentes regiões do país - o sabiá, a juriti, o rouxinol (como é chamado o corrupião aqui no Brasil, por exemplo), o bem-te-vi, a iraúna e o suí - que fazem uma sinfonia na palmeira do açaí. 

Na raiz da açaizeira, aparecem também as formigas tucandeira e tracuá, ambas com ferrões que podem causar fortes dores nas vítimas de sua picada.

A tucandeira ou watyama, de acordo com o

 

A música do álbum Banzeiro, de 2016, conta a história do namoro entre uma garça namoradeira e um urubu malandro. O encontro entre os personagens acontece na doca do Mercado Ver-o-Peso, “no meio do pitiú”, expressão que, segundo o  

Banzeiro, do álbum de mesmo nome, é uma das principais músicas de trabalho de Dona Onete. Regravada pela cantora Daniela Mercury em 2017, para o álbum Tri Eletro, a música viralizou. 

Banzeiro, de acordo com o Dicionário Caldas Aulete, trata-se de uma “série de ondas formadas pela pororoca ou pela passagem de uma embarcação a vapor e que quebram violentamente na praia ou nas margens do rio”. “Pororoca”, por sua vez, é um “fenômeno que ocorre próximo à foz de rios volumosos, como o Amazonas, e que consiste na formação de grandes ondas, que se deslocam com grande estrondo, destruindo tudo o que encontram em seu caminho”. 

Na música, Dona Onete convida o público para um banho de chuva, um banho de cheiro, para depois nos jogarmos no banzeiro. A letra traz duas outras expressões que remetem à flora do entorno do rio Amazonas, como a  

Já a Jamburana faz parte do primeiro álbum da artista, Feitiço Cabloco, de 2013. O jambu, de acordo com o site da Prefeitura de Belém, é uma “planta cultivada na região norte do país, onde é utilizada como condimento culinário amazônico, principalmente para preparar o famoso ‘molho de tucupi’. As folhas e flores quando mastigadas dão uma sensação de formigamento nos lábios e na língua devido sua ação anestésica local, sendo por isso usada para dor de dente como anestésico e como estimulante do apetite”. É por isso que, na música de Dona Onete, o jambu "treme, vai descendo, vem subindo", “chega até o céu da boca” e “a boca fica muito louca”.

Na letra, a artista cita diversos pratos típicos da culinária paraense que tem o jambu em seu preparo, como o pato no tucupi, o tacacá, o arroz paraense, a caldeirada no Pará e, até mesmo, o vatapá e o caruru, pratos típicos da culinária baiana que, na versão paraense, são “enfeitados” com jambu. 

* Colaborou Sarah Quines, repórter da TV Brasil

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Cultura | Dona Onete | Geral | Rainha do Carimbó Chamegado


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