SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Parte das casas para abrigar os moradores de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, atingidos pela chuva recorde há cerca de um mês vai começar a ser construída nesta quarta-feira (22). O governo paulista prevê entregar 704 unidades habitacionais em até seis meses. A previsão inicial era a construção de cerca de 1.200 unidades habitacionais.

Ao todo, serão três conjuntos habitacionais a serem erguidos nas praias da Baleia e em Maresias. Na primeira, estão previstos dois prédios com 242 e 276 unidades habitacionais de 42 metros quadrados cada uma. Em Maresias, serão 186 apartamentos.

Os 518 imóveis na praia da Baleia serão feitos a partir de um sistema de construção pré-modulado conhecido como "wood frame" que permite finalizações mais rápidas do que as versões tradicionais de alvenaria, prontas em até 36 meses.

O governo contratou uma empresa do Paraná para desenvolver as unidades. Um empreendimento construído no estado vai servir de base para o modelo das futuras construções que terão três andares

Segundo o cronograma da secretaria estadual de Habitação, essas unidades serão as primeiras a serem entregues. Cada uma vai custar R$ 138 mil aos cofres estaduais, diz a pasta.

As demais 186 unidades em Maresias serão erguidas também a partir de um sistema pré-fabricado, mas em concreto estrutural, e devem demorar mais para ficarem prontas. Para receber os empreendimentos, os terrenos vão receber calçamento e sistema de iluminação pública.

Os apartamentos serão entregues pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo) sem o acabamento, que deve ser fornecido por meio de doações, segundo o secretário de Habitação, Marcelo Branco.

Atualmente, há 990 vítimas dos deslizamentos abrigadas em hotéis e pousadas da região, de um total de 1.158 pessoas que perderam suas casas durante a tragédia, conforme contabilizou a Defesa Civil. Segundo o secretário Branco, há cerca de 160 atingidos que se mudaram para casas de amigos e parentes.

O plano do Governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) é que parte dos ocupantes desses abrigos provisórios se mude para uma das três vilas de passagem que serão construídas em até 30 dias, de acordo com o secretário. Elas terão 72 unidades de 33 metros quadrados e ficarão no bairro de Topolândia, no centro de São Sebastião, e na praia de Juquehy. Cada uma irá custar R$ 25 mil.

Nesse caso, as estruturas, mais simples, serão feitas a partir de modelos usados pela construção civil para abrigar temporariamente funcionários de obras em áreas remotas.

Está em análise também a contratação de uma quarta vila de passagem em blocos de concreto a partir de uma tecnologia que permite desmontar os módulos e armazená-los em um galpão para serem usados caso haja nova emergência habitacional no estado. Nesse caso, a estrutura deve abrigar entre 50 e 70 unidades.

Além dos abrigos temporários em hotéis e pousadas, ao menos 59 famílias se mudaram para unidades habitacionais recém-construídas na cidade vizinha de Bertioga. Os apartamentos do empreendimento de moradia social foram alvo de disputa entre o prefeito da cidade, Caio Matheus (PSDB), e o governador Tarcísio.

O acordo que cedeu 300 apartamentos às vítimas da tragédia por oito meses, enquanto o governo do estado viabiliza a construção de moradias definitivas, foi assinado no início do mês entre o secretário estadual de Habitação e a Frente Paulista de Habitação Popular do Estado de São Paulo, entidade responsável pelo empreendimento. Há ainda 241 apartamentos a serem ocupados pelas famílias.

Os moradores que perderam suas casas e estão abrigados em hotéis e pousadas terão prioridade no encaminhamento para as casas de passagem e, posteriormente, para as primeiras unidades habitacionais a ficarem prontas.

A triagem é feita por técnicos da CDHU e assistentes sociais da prefeitura e do governo estadual. Os hoje ocupantes dos hotéis e pousadas foram os mais atingidos pela tragédia e tiveram suas casas classificadas pela Defesa Civil com risco elevado de desabamento e, por isso, foram interditadas.

Um ato organizado pela população de São Sebastião há cerca de dez dias protestou contra a demora no atendimento habitacional das vítimas, além de denúncias de falta de acesso às doações endereçadas ao litoral norte.


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