SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Sindicato dos Metroviários de São Paulo afirmou que vai manter a greve do metrô mesmo após decisão judicial determinar o funcionamento de no mínimo de 80% da operação durante os horários de pico.
A categoria afirma que o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) mentiu ao dizer que liberaria as catracas ao mesmo tempo em que ingressava com pedido de liminar.
O governo estadual, por sua vez, afirma que os funcionários descumpriram o acordo e não voltaram aos postos de trabalho como combinado.
"O Metrô, diante da continuidade da paralisação por parte do Sindicato dos Metroviários mesmo com a liberação das catracas, obteve na manhã desta quinta-feira (23) liminar que determina o retorno da categoria ao trabalho", afirmou o governo.
A entidade, pouco antes das 11h, afirmou que 100% da categoria já tinha retomado as funções e aguardava apenas a liberação das catracas para a retomada das operações.
No meio do vaivém entre as duas partes, os passageiros estão desde as primeiras horas do dia sem conseguir chegar aos seus destinos e com poucas alternativas. A greve gerou um caos no transporte coletivo da capital paulista nesta quinta, com multidões na frente das estações afetadas, ônibus lotado e mais de 800 km de trânsito, maior número registrado para o horário este ano.
A greve dos metroviários paralisa as linhas 1-azul, 2-verde, 3-vermelha do metrô desde o início da manhã, além da linha 15-prata do monotrilho. As linhas 4-amarela e 5-lilás, que são operadas por concessionárias, circulam normalmente, assim como os trens da CPTM.
Por volta das 8h, o Sindicato dos Metroviários determinou o retorno ao trabalho. Segundo a entidade, a medida foi tomada porque o Metrô tinha se comprometido a operar com catraca livre, sem a cobrança de tarifa.
"Atenção metroviários e metroviárias, o Metrô acabou de enviar uma carta aceitando a liberação da catraca. Ele pediu ao sindicato e à categoria para saber em quanto tempo a gente volta para o posto de trabalho. Nós estamos orientando a todos a voltarem neste momento para os seus postos de trabalho, de todas as áreas", disse a presidente do sindicato, Camila Ribeiro Lisboa.
Uma hora depois, a assessoria do governo Tarcísio confirmou a decisão de abrir as catracas para por fim à paralisação. Apesar disso, as cinco linhas afetadas continuam fechadas.
"A gente está esperando a volta de 100% da categoria. Assim que todos estiverem nos postos haverá a retomada com a catraca livre. Essa não é a condição atual", informou a companhia.
O sindicato garante que todos os funcionários já retornaram aos postos há mais de uma hora.
"Já faz mais de uma hora que todos os funcionários estão nos postos aguardando a liberação para a retomada. O governador está proibindo a abertura das estações com a catraca livre", disse Narciso Soares, vice-presidente da entidade.
No início da tarde, o TRT-2 (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região) ordenou que parte do metrô volte a funcionar durante a paralisação. Nos horários de pico, que compreendem entre 6h e 10h e entre 16h e 20h, 80% do serviço deve voltar a operar. Já nos demais horários, será 60%.
A decisão foi do desembargador Ricardo Apostólico Silva. Segundo o tribunal, se a ordem não for acatada, o sindicato dos metroviários será multado no valor de R$ 500 mil por dia.
O Metrô diz que tentou todas as formas de negociação, inclusive com a concessão de benefícios como o pagamento de progressões salariais. A empresa também afirmou que cumpre integralmente com o acordo coletivo de trabalho e as leis trabalhistas.
Narciso Fernandes Soares, vice-presidente da entidade, disse que deve ocorrer nova assembleia no final do dia para decidir os próximos passos da greve.
"A ideia é fazer assembleia também no final do dia para discutir a sequência da nossa negociação com o Metrô, queremos que o Metrô negocie com a categoria, atenda os desejos da categoria e, nesse momento, a pressão é a catraca livre que foi uma coisa que o sindicato propôs desde o início da madrugada, desde ontem à noite. Vamos voltar [ao trabalho] para atender a população, sem a população ter que pagar passagem", afirmou.
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