SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O jornalista Palmério Dória morreu nesta sexta-feira (31), aos 74 anos em São Paulo, em decorrência de um quadro de infecção generalizada após viver por sete anos com uma doença degenerativa.
"Palmério viveu bem até o último suspiro. Morreu tranquilamente", escreveu em nota o hospital Premier, onde o jornalista viveu em cuidados paliativos por quase uma década.
Nascido em Santarém (PA), em 1948, o jornalista se dedicou à carreira nos principais veículos de imprensa do país. A lista inclui Folha e Estadão, além de ter sido chefe de reportagem da TV Globo. trabalhou ainda nas revistas Caros Amigos e Sexy.
O trabalho no último veículo lhe rendeu a publicação do livro "Evasão de Privacidade", lançado em 2001, que reúne trechos de entrevistas com mulheres famosas concedidas à revista durante os sete anos em que atuou como diretor de Redação.
Depois, Palmério publicou mais três livros, dois sobre a família Sarney e a política maranhense ("A Candidata que Virou Picolé" e "Honoráveis Bandidos"). Em 2013, lançou "O Príncipe da Privataria" sobre o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
O lançamento de "Honoráveis Bandidos - Um retrato do Brasil na era Sarney", em São Luís (MA), terminou em confusão e Dória foi alvo de ovos atirados por estudantes que apoiavam o ex-presidente José Sarney, em 2009. O evento foi realizado no Sindicato dos Bancários porque nenhuma livraria da cidade se comprometeu com a publicação.
O livro ficou entre os mais vendidos do país na ocasião e esgotou a primeira edição de 60 mil cópias em poucos dias.
Em "O Príncipe da Privataria", o jornalista revelou a identidade do homem que gravou deputados admitindo terem recebido dinheiro para votarem a favor da emenda constitucional da reeleição, esquema denunciado pela Folha em 1997.
Em sabatina na Folha em dezembro de 2007, FHC não negou que tenha ocorrido compra de votos, mas disse que a operação não foi comandada pelo governo. "Houve compra de voto? Provavelmente, provavelmente. Foi feito pelo governo federal? Não foi. Pelo PSDB? Não foi. Por mim? Muito menos."
Nos últimos anos, a rotina na clínica era entremeada por acompanhar os telejornais, ler o noticiário diariamente e receber visitas de amigos, além de cantar. Ele tinha o hábito de interromper conversas e refeições para entoar trechos de sambas clássicos.
Ele também não abandonou o hábito de imitar vozes diferentes para passar trote a conhecidos e funcionários da clínica.
O último passeio foi domingo (26), quando Dória se reuniu com amigos na praça Vladimir Herzog, no centro da cidade. "Na quarta (29), seu estado de saúde começou a declinar", diz Juliana Dantas, amiga que o acompanhou nos últimos anos. "Estava lúcido até os últimos dias."
Em seu quarto na clínica, o laptop e o telefone celular estavam sempre à mão para que o jornalista mantivesse sua rotina de publicar textos opinativos. As últimas foram na terça-feira (28).
Em entrevista a um documentário "Vida aos Dias", gravado pela jornalista Milena Flor Tomé no final de 2022, Dória enalteceu a vida ao lado dos amigos. "Evidente que 80% dos meus amigos estão mortos, mas não estão mortos porque nunca serão esquecidos. Não é só o monumento, é o papo, o papo é uma maneira de homenagear", disse. "Quanto mais a gente se divertir com os nossos amigos, melhor será a vida."
Ele morreu nesta sexta-feira (31), aos 74 anos em São Paulo, em decorrência de um quadro de infecção generalizada após viver por sete anos com uma doença degenerativa. Ele deixou uma sobrinha.
"Palmério viveu bem até o último suspiro. Morreu tranquilamente", escreveu em nota o hospital Premier, onde o jornalista viveu em cuidados paliativos por quase uma década.
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