SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Prefeitura de São Paulo resolveu substituir a organização social responsável pela gestão do albergue Cidade Refúgio III, recém-inaugurado no Belenzinho, zona leste da cidade.
Nas últimas semanas, reportagens da Folha de S.Paulo mostraram as condições precárias do Centro Temporário de Acolhida Água Rasa, na Mooca (zona leste), desativado em 20 de março após a morte de um homem, e também do abrigo Cidade Refúgio III, que recebeu os acolhidos da unidade fechada.
Ambas as unidades eram administradas pela Associação Lar Ditoso. A reportagem procurou a entidade por meio de ligação, email e mensagem no WhatsApp, mas não recebeu resposta até a publicação deste texto.
A Folha de S.Paulo soube da troca de gestão na noite de sábado (1°). Em um primeiro momento, a administração Ricardo Nunes (MDB) negou a troca e afirmou, em nota, que havia aberto um procedimento de averiguação. Em novo posicionamento enviado à reportagem, a prefeitura confirmou a quebra de contrato.
"A decisão pelo encerramento da parceria foi da Smads [Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social], em razão das avaliações feitas pela equipe técnica e pelo relato dos usuários do serviço. No entanto, a mudança de gestão do Centro de Acolhida Refúgio III não cessa os procedimentos de averiguação sobre o atendimento prestado pela OSC Associação Lar Ditoso", diz trecho da nota.
A Smads afirma que o procedimento de averiguação (com prazo de conclusão entre 10 e 15 dias) foi aberto no dia 20 de março, data de inauguração do albergue.
A gestão do espaço a partir de agora será feita pelo CRDC (Centro de Referência e Desenvolvimento Comunitário Correia). Em sua página na internet, a empresa diz ter sido criada no início dos anos 2000. A CRDC possui ao menos outros cinco contratos com a Prefeitura e São Paulo, que versam sobre cuidados com pessoas em situação de vulnerabilidade.
Cabe à organização avaliar questões relacionadas a recrutamento de pessoal e manutenção, afirma a prefeitura.
REMOÇÃO DE BARRACAS
O encerramento do convênio com a Associação Lar Ditoso acontece no momento em que a gestão Ricardo Nunes inicia operação para remover barracas de pessoas em situação de rua de vias e calçadas.
O prefeito tem dito que os albergues estão prontos para acolher os sem-teto, mas no recém-inaugurado Cidade Refúgio III, por exemplo, as queixas incluem falta de água para banho, vasos sanitários sem assentos, fiações expostas, tomadas sem energia elétrica, vazamentos e alagamentos.
Na ocasião da publicação da reportagem, a Smads afirmou que todos os serviços implementados passam por vistorias da área técnica da pasta e que em hipótese alguma os equipamentos são entregues sem as devidas condições para receber os acolhidos.
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