RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O cabelo claro e os olhos verdes renderam a Andreza Cristina Lima Leitão, 31, o apelido de Cinderela. Mas foi no crime que ela passou a ser conhecida como Bibi Perigosa, em alusão à personagem interpretada pela atriz Juliana Paes na novela "A Força do Querer" (TV Globo, 2017).

A protagonista do folhetim de Glória Perez, por sua vez, foi inspirada em Fabiana Escobar, ex-primeira-dama do tráfico da Rocinha. Escobar foi casada com Saulo de Sá Silva, o Barão do Pó, até os anos 2000, e atualmente é cineasta.

Andreza Leitão foi presa neste domingo (2) na zona oeste do Rio de Janeiro por agentes da Polícia Civil do Rio. Foragida desde 2018, havia um mandado de prisão contra ela. De acordo com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), Andreza é chefe de uma facção do Rio Grande do Norte que seria responsável pela onda de violência recente no estado.

A reportagem ainda não conseguiu contato com a defesa de Andreza. À polícia ela negou as acusações.

Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Norte diz que o caso é investigado no Rio de Janeiro e que não tem como confirmar o envolvimento de Andreza com os ataques no estado.

Em 2018, Andreza foi condenada a 11 anos de prisão por tráfico. Em dezembro de 2016, ela chegou a ser presa em flagrante em Natal, em uma casa onde havia um depósito com maconha, cocaína e armas, mas pode aguardar o julgamento em liberdade.

Na residência, um caderno da personagem infantil Minnie, da Disney, com anotações sobre a contabilidade do tráfico, que pertencia a Andreza, foi apreendido como prova. As anotações mostrariam o vínculo com o crime organizado, de acordo com o Ministério Público.

Quatro meses antes ela havia perdido o marido, Elinaldo César da Silva, o Sardinha, apontado como chefe do tráfico do Sindicato do Crime, facção com atuação no Rio Grande do Norte --ele foi morto a tiros em frente a uma boate. No momento da execução, ordenada por criminosos de outra quadrilha, Andreza tentou se atirar na frente do marido. Foi baleada na perna e chegou a ir para um hospital, mas não esperou a chegada da polícia.

Com a morte do companheiro, ela passou a gerenciar o tráfico na facção ao lado do irmão, José Alexandre Lima Leitão, o Espiga, segundo a Promotoria potiguar. Foi uma perseguição policial a Espiga que levou os agentes até a casa onde Andreza foi presa em 2016.

Andreza ficou livre até janeiro de 2018, quando foi julgada e presa. Em dezembro daquele ano, conseguiu o benefício de progressão da pena para o regime semiaberto. A polícia diz acreditar que foi nessa época que ela fugiu para o Rio de Janeiro, onde teria começado a gerenciar o tráfico à distância.

Para isso, segundo a Polícia Civil do Rio, ela fazia parte de um grupo de WhatsApp intitulado "Companhia dos Artilheiros", onde teria ordenado os ataques que ocorrem em março em dezenas de cidades do Rio Grande do Norte. Essas conversas, porém, não foram incluídas no processo, uma vez que a prisão deste domingo se refere à condenação de 2018.

Com ela a polícia apreendeu um celular, uma identidade falsa e R$ 301 em dinheiro. O telefone foi enviado para o ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) para a perícia. Após exame de corpo de delito, a previsão é que ela seja levada para o Rio Grande do Norte.


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