SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Com pouco mais de duas semanas de atraso, a gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) inaugurou nesta terça-feira (11) o HUB de Cuidados em Crack e Outras Drogas, um centro de triagem para dependentes químicos da cracolândia, no Bom Retiro, na região central de São Paulo.
O equipamento foi anunciado no fim de janeiro pelo vice-governador Felicio Ramuth (PSD) como parte de um pacote de ações para a cracolândia e tinha previsão inicial de entrega para 24 de março.
Diante do atraso da reforma do Cratod (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), onde irá funcionar o centro de tratamento, o governo estadual estendeu o prazo de entrega para o final do mês e, depois, para o início de abril.
De acordo com o vice-governador, o atraso foi causado "porque queria fazer bem-feito". "Nós tivemos por volta de 30, 35 dias de atraso só que já começou a funcionar desde o dia 6. "
A reportagem apurou que a mudança da gestão do Cratod está entre as causas do atraso. O governo estadual demitiu os servidores estaduais que geriam o equipamento e contratou a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM). A organização social já tinha um contrato para prestar serviços de atendimento médico no Cratod e foi ampliado, segundo o vice-governador.
Servidores desligados do Cratod fizeram um protesto com faixas durante o evento de inauguração.
Ramuth, porém, reiterou que o atraso foi apenas em relação às obras de adaptação do prédio que irá receber entidades religiosas e sociais que já atuam em meio ao usuários de drogas.
A reforma incluiu a instalação de banners e uma comunicação visual que transformou a entrada do Cratod em uma "rua ampla com acessos às estações de tratamento do Amor, da Liberdade e da Luz", disse o vice-governador.
O prédio ainda passará por outra reforma para adapta-lo às exigências do Corpo de Bombeiros no quesito acessibilidade. De acordo com uma placa instalada na fachada do novo hub de atendimento a usuários de drogas, a entrega está prevista para o fim deste ano.
Ramuth explicou que o equipamento irá funcionar como uma porta de entrada de acolhimento para usuários de drogas. O prédio fica a 1,5 quilômetro de distância das ruas onde a cracolândia se fixou nos últimos oito meses, na região do bairro Santa Ifigênia. "O equipamento funciona em conjunto com estado, município, entidades sociais, igrejas", disse Ramuth.
Durante o feriado de Páscoa, usuários de drogas saquearam uma farmácia, um minimercado e uma lanchonete no entorno da cracolândia.
A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que a "revolta" dos usuários tenha sido causada em reação a ações de zeladoria, intensificadas no início do mês, com equipes de limpeza removendo barracas e outros pertences dos usuários e de traficantes.
Duas vezes por dia, equipes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) escoltam funcionários da varrição para fazer a limpeza das ruas ocupadas pelos usuários de drogas. De acordo com a Subprefeitura da Sé, são retiradas cerca de 20 toneladas de lixo por dia no local.
A rotina de limpeza, que obriga a movimentação do fluxo de usuários e retira itens usados para vender e consumir drogas, como barracas improvisadas e caixas de madeira, seria o motivo também para os usuários de drogas terem ateado fogo a sacos de lixo e materiais recicláveis nas ruas do centro de São Paulo no domingo anterior (2).
A gestão Ricardo Nunes (MDB) credita as ações de saques a furtos à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
"Esses saques são a resposta do crime organizado às iniciativas do poder público, que tem conseguido reduzir o comércio de drogas na região", disse o secretário-executivo de Projetos Estratégicos, Alexis Vargas, em texto publicado no próprio site da prefeitura.
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