RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em ação conjunta pela despoluição das praias do Rio de Janeiro, ambientalistas, surfistas e pescadores se reuniram no Arpoador neste sábado (15) e reivindicaram o retorno do Programa Sena Limpa, interrompido há dez anos. Durante o ato, manifestantes realizaram um mutirão de limpeza na faixa de areia do local.

O Programa Sena Limpa foi realizado em conjunto por SEA (Secretaria de Estado do Ambiente), Inea (Instituto Estadual do Ambiente), Cedae, Rio Águas e Comlurb. Interrompido em 2013, foi responsável por intervenções sanitárias em seis praias do Rio de Janeiro.

O programa inaugurou a estação elevatória Forte de São João, responsável pelo sistema de esgoto sanitário da praia Vermelha, que, após o projeto, passou a ser considerada própria para banho. As praias de Copacabana e Ipanema também foram contempladas pelo programa.

Idealizada pelo deputado Carlos Minc (PSB), a Lei Praias Limpas busca a retomada do Programa Sena Limpa e impõe que as concessionárias de água e saneamento sejam obrigadas a investir na limpeza das praias. Os ambientalistas cobram o cumprimento da lei, que foi sancionada em março pelo governador Cláudio Castro (PL).

No mês de abril, o nível de poluição das praias do Rio de Janeiro tem assustado moradores e turistas. Na última segunda (10), ainda era possível encontrar a "língua" de esgoto nas areias de Copacabana, acompanhada de forte odor.

Para David Zee, professor do Departamento de Oceanografia na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), além dos problemas relacionados ao saneamento básico, o atraso das chuvas de verão foi um dos responsáveis pela impressão de que as praias estavam mais limpas.

"Houve essa falsa percepção de que a qualidade da água tinha melhorado. A realidade é que o fundo da baía de Guanabara está completamente necrosado, então a maré de água boa não consegue mais penetrar na baía e fica acumulada na superfície, dando a impressão de que as águas estão mais limpas", afirma.

"Com o aumento das chuvas, a água poluída se espalhou e chegou até as praias. Em dias de muita chuva, o ideal é que os banhistas esperem cerca de 48 horas para que o mar consiga renovar as águas e limpar a poluição da superfície", alerta o especialista.

Para que as consequências das fortes chuvas sejam freadas e o esgoto das galerias pluviais não chegue até o mar, David Zee afirma que são necessários tempo, investimento e muito trabalho por parte das concessionárias. Além disso, o oceanógrafo destaca a importância da fiscalização por parte da população.

"É impossível despoluir as águas do Rio de Janeiro em curto prazo. Vamos ter que esperar de 5 a 8 anos para começarmos a ver algum resultado. Por isso, a sociedade deve continuar perseverante, cobrando e fiscalizando os seus direitos. Não pagamos conta de esgoto pela metade, não devemos receber um serviço pela metade."


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