SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um homem de 49 anos foi brutalmente agredido após falsa acusação de que teria roubado uma moto no Guarujá (83 km de SP). Osil Vicente Guedes foi internado em estado grave no Hospital Santo Amaro na última terça-feira (3), mas morreu neste domingo (7).

Testemunhas disseram à Polícia Militar que as agressões começaram depois de uma pessoa ainda não identificada gritar "pega ladrão" em direção à vítima, que circulava de moto pelo bairro Vicente de Carvalho. O dono do veículo, no entanto, disse em depoimento que conhecia Guedes e que tinha emprestado a moto para ele.

Parte das agressões foi registrada em vídeo por um motorista. As imagens, que circularam nas redes sociais, mostram a Guedes no chão, ao lado da motocicleta, sendo atacado por moradores do bairro com tapas e golpes de capacete.

As imagens ainda mostram a vítima ser arrastada e golpeada violentamente com um pedaço de madeira na cabeça, antes de cair desacordada no asfalto. Enquanto grava, o autor do vídeo diz "não tá bom pra ladrão de moto, não. Ladrão de moto tá se lascando".

O dono da moto, José Alexandre de Freitas, 55, disse em depoimento que emprestou o veículo, modelo CG 150, ao amigo naquele dia. Guedes tinha arrendado o ferro velho de Freitas e usou a moto para buscar a chave do comércio.

Segundo o amigo, Guedes era trabalhador e não se envolvia em confusão.

O caso foi registrado inicialmente como lesão corporal no 2º DP do Guarujá, mas a natureza da ocorrência foi alterada para homicídio após confirmação da morte encefálica.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o irmão da vítima prestou depoimento e novas diligências serão realizadas pela equipe de investigação. A pasta não informou se já identificou algum suspeito das agressões.

Há oito anos, também no Guarujá, um boato iniciado na internet levou à morte a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, linchada por moradores do bairro Morrinhos. A mulher foi acusada de sequestrar crianças para a realização de rituais de magia negra.

Vizinhos teriam confundido a vítima com suposta criminosa a partir de um retrato falado publicado em uma página do Facebook. Fabiane estava caminhando até a igreja quando começaram as agressões, que duraram cerca de duas horas. Cinco pessoas foram presas e condenadas a 30 anos de reclusão pelo crime.


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