SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os três réus acusados pelo assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips deram depoimentos online para a Justiça Federal de Tabatinga (AM), nesta segunda-feira (8). A audiência abre a fase processual, que vai decidir se os acusados vão a júri popular ou não.
O interrogatório de Amarildo Oliveira (conhecido como Pelado), Oseney de Oliveira (o Dos Santos) e Jefferson da Silva Lima (o Pelado da Dinha) durou cerca de 3h30 e terminou por volta das 18h45.
Os três foram denunciados pelo Ministério Público Federal sob suspeita de duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. O crime aconteceu em 5 de junho de 2022 e os três acusados foram presos dois meses depois.
De acordo com o TRF-1, o interrogatório, que iria começar na parte da manhã, precisou ser adiado para às 14h pelo juiz do caso, Fabiano Verli. A assessoria do tribunal afirmou que a remarcação ocorreu após a equipe de defesa dos réus contestar o sistema de monitoramento dos presídios federais.
Segundo a advogada Goreth Campos, uma das representantes dos acusados, o sistema de monitoramento das penitenciárias federais de Campo Grande (MS) e Catanduvas (PR) infringia o direito à entrevista prévia reservada entre cliente e defesa.
Procuradas, as assessorias dos dois presídios preferiram não entrar em detalhes. A Secretaria Nacional de Políticas Penais disse que o monitoramento feito nos dois locais está dentro das regras para unidades de segurança máxima.
A audiência desta tarde ocorreu após o magistrado remarcar a data pela quarta vez. Em nota, o TRF-1 atribuiu as remarcações à problemas de internet.
Também em nota, um dos advogados da família do jornalista Dom Phillips, Rafael Fagundes, disse que a assistência de acusação está satisfeita com o encerramento da etapa de instrução processual e convicta da materialidade das provas de duplo homicídio contra os réus. Os representantes da família de Bruno endossaram o posicionamento.
"Certamente resultará em uma sentença de pronúncia e na realização do julgamento dos acusados perante o Tribunal do Júri", diz o comunicado enviado por Fagundes.
Amarildo voltou a confirmar que participou do assassinato. A defesa tenta provar que Oseney de Oliveira não tem participação no caso. A Polícia Federal trabalha com a tese de que o assassinato foi encomendado.
Segundo o ex-superintendente da PF Eduardo Fontes, que esteve no cargo durante a maior parte das investigações, o caso está 90% concluído e há "indícios veementes" de que Ruben Dario da Silva Villar, o Colômbia, é o mandante dos crimes.
Villar é suspeito de liderar uma organização criminosa de pesca ilegal na região da Terra Indígena Vale do Javari, na fronteira do Brasil com Peru e Colômbia.
Segundo a PF, esse grupo tem ligação com Amarildo Oliveira.
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