SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A equipe que organiza o casamento de José Celso Martinez Corrêa, 86, e Marcelo Drummond, 60, enfrenta um problema incomum: descobrir o endereço de Silvio Santos. Os noivos querem ter a certeza de que o convite da celebração será entregue ao dono do SBT, e já até pediram ajuda ao deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP).
"Estamos com uma enorme dificuldade de obter o endereço do Silvio Santos", diz o ator e diretor Ricardo Bittencourt, que organiza o casamento.
Silvio Santos será o único a receber uma versão impressa do convite. O documento trará uma sugestão de presente diferenciada: o terreno no entorno do Teatro Oficina, na região central de São Paulo.
Desde 1980, o local é centro de uma disputa que envolve Zé Celso e o apresentador. Silvio é o dono do lugar e pretendia construir ali três torres de até cem metros de altura. Já o criador e diretor do Oficina prefere que a área sedie o Parque do Rio Bexiga.
"Nós queremos muito convidá-lo, independentemente da brincadeira do terreno. Nós sabemos que ele não vem, mas o convite é sincero", afirma Bittencourt.
O casamento será realizado no dia 6 de junho, no Teatro Oficina. A festa vai ser das grandes. Marina Lima cantará na entrada dos noivos, que se conheceram ao som de "Fullgás", um de seus hits. Daniela Mercury se apresentará ao fim, mostrando aos convidados uma música composta em parceria com Zé Celso.
O culto será artístico-ecumênico, segundo define Bittencourt. "Vamos ter oradores e artistas se apresentando", explica ele, que tem a ajuda do cineasta Fernando Coimbra na elaboração do roteiro da celebração.
Marcelo e Zé Celso se conheceram no Teatro Oficina, em 1986. Um mês depois estavam dividindo apartamento, e assim continuam até hoje, numa relação de amor e companheirismo, em que o sexo está longe de ser uma das prioridades.
"Estamos casados pela vida que vivemos, compartilhamos tudo. Moramos juntos, mas não transamos há mais de 20 anos, cada um tem seus amantes", disse Drummond à reportagem, deixando transparecer que a postura libertária e dionisíaca do companheiro -e dele também- não se restringe ao discurso e às suas produções teatrais.
A decisão de oficializar a união veio por questões práticas. Personagem fundamental na história do teatro brasileiro e um dos fundadores do Oficina, Zé Celso não tem herdeiros diretos e preocupa-se com a burocracia que seu companheiro irá enfrentar depois de sua morte.
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