SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O CRM (Conselho Regional de Medicina) do Acre abriu sindicância para apurar mensagens publicadas em um grupo chamado "Médicos Unidos", em que participantes debocharam da saúde da ministra Marina Silva. A titular da pasta de Meio Ambiente e Mudança do Clima teve Covid e foi internada no InCor (Instituto do Coração), em São Paulo, no sábado (6), com sintomas gripais e sinusite.

A doença não afetou os pulmões de Marina, e o quadro permaneceu estável. Ela teve alta às 9h30 desta quarta (10).

Nas mensagens, os médicos fazem comentários como "Será que ela não tomou a vacina?" e "Kkkk tomara que os vírus da Covid estejam bem".

"Diante da divulgação de informações pela imprensa sobre comentários feitos, supostamente, por médicos que atuam no estado do Acre a respeito da internação da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) determinou a abertura de sindicância para investigar os fatos", afirmou o CRM, em nota.

A apuração vai seguir critérios dos códigos de Processo Ético-Profissional e de Ética Médica.

"Nesta oportunidade, o CRM-AC deseja também uma breve recuperação à ministra Marina Silva e a todos os pacientes acometidos pela Covid-19", disse o órgão.

A reportagem procurou os médicos Grace Monica Alvim Coelho, ex-secretária de saúde no Acre na gestão de Jorge Viana (PT) de 1999 a 2004, por email, e Nilton Chaves, por meio de telefone, mas não teve resposta. A reportagem não localizou o médico Jorge Lucas da Fonseca. O trio trocou as mensagens vazadas no domingo (7).

Após a circulação de uma foto do grupo com o diálogo no domingo, o Sindmed-AC, sindicato de médicos do Acre, disse que o único grupo oficial de profissionais se chama "Filiados" e nele é proibida a manifestação política.

"Os membros deste sindicato também prestam solidariedade à ministra do Meio Ambiente Marina Silva e desejam boa recuperação", afirmou, em nota.

Na segunda-feira (8), a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) pediu, no Twitter, punição aos médicos no âmbito da Justiça e do CFM (Conselho Federal de Medicina) pelos comentários.

"Não tem como a gente não se indignar com essa situação e lembrar da internação da Marina Silva", escreveu.

O CFM disse, em nota, que é uma instância de julgamento. Assim, não poderia comentar o caso para manter a isenção.

Na manhã de terça (9), a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT, defendeu a ministra do que chamou de "deboche misógino de médicos bolsonaristas".

"É infame ver profissionais da saúde com tanto ódio que usurpa até mesmo o princípio básico da medicina", escreveu Gleisi no Twitter. A ministra agradeceu o apoio em resposta.

Marina voltou a Brasília na noite de quarta e está em repouso domiciliar. "Agradeço a cada mensagem carinhosa e por todas as orações e torcida em prol da minha recuperação", escreveu em sua página no Twitter.

Marina voltará ao trabalho na próxima segunda-feira (15).


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