BELÉM, PA (FOLHAPRESS) - A cidade de Parauapebas, no sudoeste do Pará, sediou na última quarta (10) a segunda edição do autointitulado "maior churrasco do mundo", com 25 toneladas de carne na brasa em praça pública. Assim como na primeira edição, o evento se tornou alvo de investigação do Ministério Público estadual.
O churrasco é promovido pelo Sindicato dos Produtores Rurais de Parauapebas (Siproduz) e pelo Centro de Amigos da Tradição Gaúcha. Com o apoio da prefeitura local, foi realizado junto ao aniversário do município, que completou 35 anos.
A organização do churrasco disse que, neste ano, aumentou a quantidade de carne de 20 para 25 toneladas. E que 1.500 costelões assados foram distribuídos gratuitamente para cerca de 50 mil pessoas no parque de exposições Lázaro de Deus Vieira Neto.
O objetivo inicial era de que o churrasco fosse incluído no Guinness Book, como o nome do evento sugere, além de incentivar o turismo na cidade. Mas os organizadores desistiram da ideia depois de saber como funciona o processo.
"Fizemos todas as etapas [do Guinness], mas, quando chegou o comunicado de que tínhamos que pagar um valor muito alto para isso, desistimos", afirma Junior Boeri, presidente do Centro de Amigos da Tradição Gaúcha.
A Prefeitura de Parauapebas divulgou toda a programação de aniversário da cidade em suas redes sociais, incluindo a realização do "maior churrasco do mundo". Procurada pela reportagem, a gestão municipal não respondeu sobre o tipo de apoio que deu ao evento.
De acordo com Boeri, não houve repasse financeiro por parte do município. "Aproveitamos que nesse dia há a comemoração de aniversário da cidade e realizamos o churrasco. Como os dois eventos acontecem no mesmo lugar, a prefeitura deu apoio cultural e estrutural, mas não houve nenhuma doação em dinheiro."
A carne, segundo Boeri, foi comprada a partir de doações de empresários e produtores locais, que pagam cotas para ajudar na realização do evento. Ainda de acordo com o organizador, a escolha do tipo da carne levou em consideração o baixo custo (aproximadamente R$ 16 o quilo), no valor total de cerca de R$ 400 mil.
"Escolhemos a costela por ser uma carne relativamente mais barata e ainda com a parceria com a Friboi, que fez um valor melhor para nós. Servimos com pão e um pouco de farinha", contou.
Assim como ocorreu em 2022, o Ministério Público pediu explicações à Prefeitura de Parauapebas sobre sua participação no evento.
Procurada pela reportagem para comentar também a investigação da Promotoria, a gestão municipal não havia respondido até a publicação deste texto.
O 4º Promotor de Justiça de Parauapebas, Alan Pierre Rocha, solicitou à prefeitura documentos referentes aos eventos de aniversário da cidade como um todo, que neste ano incluíram show do cantor Léo Santana no dia 9 de maio.
Foram solicitados, por exemplo, documentos sobre o processo de dispensa de licitação para a contratação dos shows, origem das verbas, empenho e pagamentos realizados, entre outras informações.
Quanto à festa de aniversário da cidade em 2022, a investigação apontou superfaturamento de aproximadamente R$ 437 mil na contratação de shows de diversos artistas. Em nota, o Ministério Público afirmou que o inquérito está em fase de conclusão, mas que a apuração concluiu que não houve irregularidades na aquisição da carne para o evento do ano passado, uma vez que foi adquirida com verbas do sindicato, e não verba pública.
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