SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - No Brasil, ao menos 80 pessoas da comunidade LGBTQIAP+ sofreram mortes violentas até o fim de abril deste ano. O levantamento foi realizado pelo Observatório de Mortes Violentes Contra LGBTI+.

São consideradas mortes violentas assassinatos, suicídios e as que decorrem de lesões por agressão, por exemplo. Por ausência de dados oficiais, segundo a organização, as principais fontes consultadas foram notícias publicadas na mídia.

Travestis e transexuais mulheres representam maior parte dos mortos (50), seguidos por gays (26), lésbicas (2) e homens trans (2).

Em comparação aos últimos dois anos, houve queda no número parcial de óbitos. Foram registrados 124 até ao fim de abril de 2021. Já em 2022 houve 107 -redução de 25%.

"Continuamos fixando esses números para podermos lutar pelo nosso direito de viver e pela construção de políticas públicas para que nossas vidas não sejam ameaçadas diariamente", diz o Observatório de Mortes Violentes Contra LGBTI+.

O grupo ressalta ainda a importância de olhar atento à perseguição excessiva de pessoas travestis e mulheres trans. Segundo relatório da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), o Brasil foi, em 2022, o país com maior número total de homicídios de pessoas travestis e transexuais pela 14ª vez consecutiva. Foram 131 indivíduos mortos.

A maioria das vítimas tinha entre 18 e 29 anos, próximo à expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil, 35 anos.

Ainda conforme o Observatório de Mortes Violentes Contra LGBTI+, o país registrou ao menos 273 mortes violentas de pessoas da comunidade em 2022. Desses casos, 228 foram assassinatos, 30 suicídios e 15 por outras causas, como morte decorrente de lesões por agressão. A média é de um morto a cada 32 horas.

Travestis e transexuais também representaram maior parte dos mortos (58%), seguidos por gays (35%), lésbicas (3%) e homens trans (3%). Ainda há pequena porcentagem de pessoas não binárias (0,4%) e outras designações (0,4%). Sobre o método empregado, 74 mortes foram causadas por arma de fogo e 48 foram por esfaqueamento.

A coleta de dados foi iniciada em 2000, quando foram computados 130 óbitos. Em 2017, foi registrado o pico da série histórica, com 445 mortos.

Após a divulgação dos números, na última quinta-feira (11), os ministérios da Justiça e dos Direitos Humanos anunciaram à Folha estar em tratativas para formar grupo de trabalho para captação e processamento dos dados oficiais sobre casos de LGBTfobia no país, incluindo homicídios.

Também devem ser discutidos o aprimoramento dos processos de acolhida de denúncias, atendimento e melhor encaminhamento das vítimas em todos os estados.


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