SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Erros na notificação de ocorrências policiais referentes a abril de 2022 apontadas nesta quinta-feira (16) pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos) não irão impactar a bonificação paga a policiais por queda de indicadores criminais no período.

O major Rodrigo Vilardi, coordenador da Coordenadoria de Políticas de Segurança Pública, afirmou que a revisão dos números faz parte de uma nova política de transparência do governo estadual. "Os policiais que receberam o bônus fizeram seu trabalho", diz.

Desde 2014 crimes como homicídio, latrocínio e roubos e furtos de veículos, além de roubos de forma geral, integram programa de metas da Secretaria de Segurança Pública (SSP) que paga bônus a policiais de áreas que apresentarem queda desses indicadores no trimestre.

A bonificação de R$ 2.000 é paga a cada policial integrante das áreas que atingirem as metas de redução desses crimes. Valor adicional de até R$ 3.000 é concedido a cada oficial nas cinco áreas com melhor desempenho no período.

Segundo levantamento da atual gestão, em abril do ano passado, as estatísticas deixaram de incluir 691 ocorrências de furtos de veículos e 160 de roubos de veículos em todo estado. Outros 33 registros de estupro e 113 estupros de vulnerável também não foram contabilizados.

De acordo com Villardi, os erros ocorreram por causa de uma mudança no sistema de registro de boletins de ocorrência feita no início do ano passado. "Nessa transição, a linguagem do sistema impactou o cálculo das estatísticas."

As inconsistências foram verificadas, segundo ele, quando o setor responsável pelas estatísticas da SSP identificou um aumento nos crimes patrimoniais ao fechar o balanço de ocorrências referentes a abril deste ano. "Identificamos que em alguns locais tiveram queda e outros o aumento de ocorrências foi menor. Essa divergência de dados não é normal porque a base de dados são os boletins de ocorrência disponibilizados pelos distritos policiais", diz.

Uma auditoria, anunciada nesta quinta pelo governo estadual, irá rever os dados estatísticos de 2022. O grupo de trabalho será formado por integrantes das polícias Civil, Militar e Técnico-Cientifica.

Em nota, o ex-governador Rodrigo Garcia (PSDB) afirmou que o órgão responsável pela compilação das estatísticas criminais é composto de policiais de carreira que sempre tiveram autonomia e capacidade técnica. "Auditorias devem ser feitas para esclarecer os dados sem ingerência externa, com base na lei", informou trecho da nota.

Para Samira Bueno, socióloga e diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o grupo de trabalho deveria ser heterogêneo e contar com representantes da sociedade civil e do Ministério Público. "Mudou a gestão do governo estadual, mas são os mesmos funcionais que estão nas delegacias. É preciso ter um controle externo."

A gestão Tarcísio encerrou a hegemonia de quase 30 anos do PSDB no governo paulista e enfrenta críticas em relação à Segurança Pública impulsionadas pelo aumento da violência na região central da capital. Nos primeiros três meses deste ano, houve 54% mais furtos na região da delegacia que atende o bairro de Campos Elíseos, que abriga parte da cracolândia, em comparação ao mesmo período de 2022. Em relação aos roubos, o aumento foi de 26,5%.


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