SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após suspenderem a circulação de parte da frota nesta segunda (29), motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo devem realizar uma nova paralisação na quarta-feira (31) no terminal Parque Dom Pedro 2º, no centro da cidade. A expectativa é que, às 10h, os funcionários parem as atividades e ouçam por cerca de uma hora os diretores do sindicato, que devem apresentar as principais demandas da campanha salarial da categoria.

O SindMotoristas (Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo) afirma que não fará nenhum bloqueio em vias do entorno do terminal, que é o maior e mais movimentado de São Paulo, com 52 linhas de ônibus.

A categoria avalia também a possibilidade de cruzar os braços na próxima semana. "Nós vamos nos reunir com os trabalhadores na quinta-feira (1º) e se não houver avanço nas negociações salariais a gente pode entrar em greve na segunda (5)", disse o diretor do SindMotoristas Nailton Ferreira de Souza.

Nesta segunda, cerca de 50% da frota de ônibus da capital saiu com atraso das garagens, devido a assembleia de trabalhadores organizada pelo SindMotoristas

A mobilização pegou de surpresa o paulistano que dependia do transporte público -segundo a SPTrans, 700 mil passageiros foram impactados. O rodízio de municipal de veículos foi suspenso.

A SPTrans, estatal que administra o transporte público municipal, disse que registrou boletim de ocorrência contra o sindicato, já que a lei prevê comunicação prévia de 72 horas quando há previsão de greve com interrupção em serviços essenciais. O SindMotoristas, por outro lado, disse que o movimento não configurou greve, e que ainda assim houve comunicação em seu site oficial na sexta-feira (26).

Segundo Souza, as principais demandas da campanha salarial são o reajuste acima da inflação, a volta da remuneração pelos 30 minutos de intervalo de refeição dos trabalhadores, a participação nos resultados das empresas e a criação de um plano de carreira para funcionários de manutenção. Por enquanto, a proposta do setor patronal não atende as reivindicações.

Sobre a nova paralisação, a SPTrans afirmou em nota que não foi notificada oficialmente sobre possível protesto no interior de terminais municipais, mas que segue em contato com o sindicato buscando o melhor atendimento à população e a manutenção do transporte público.

"A SPTrans defende o direito à livre manifestação democrática", disse em trecho da nota. "A gestora acompanha a negociação entre as partes e espera que os representantes da categoria e dos empresários encontrem um ponto em comum na campanha salarial sem interferência no serviço aos passageiros."

Procurado, o SPUrbanuss (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo) disse que "acredita na continuidade das negociações e espera que o SindMotoristas não tome decisões que venham prejudicar a população". Segundo a entidade, as propostas ainda estão sendo construídas e não houve decisão final sobre nenhuma das pautas mencionadas.

Questionado sobre a nova mobilização, a entidade que representa as empresas disse que lamenta o posicionamento adotado pelo sindicato dos trabalhadores durante as negociações para a Convenção Coletiva 22/23. "Esperamos que a ética e o bom sendo prevaleçam e as negociações prossigam sem mais movimentos que prejudiquem a população usuária desse serviço essencial", disse em comunicado.

Dirigentes do SindMotoristas afirmam que as assembleias foram realizadas para informar os trabalhadores sobre uma agenda de mobilizações programadas para esta semana.

Além da paralisação na quarta, o SindMotoristas prevê uma passeada de trabalhadores partindo da sede do sindicato, no bairro da Liberdade, em direção à Prefeitura de São Paulo nesta terça-feira (30). Segundo a organização, o ato está marcado para às 15h e não deve trazer prejuízo à população -a previsão é que participem somente trabalhadores do turno da manhã, que já terão concluído o expediente.


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