SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A alta na incidência de furtos de fios e cabos no centro de São Paulo fez a Enel, concessionária de distribuição de energia, a trocar o material de tampas de acesso a galerias subterrâneas.
As estruturas de ferro estão sendo substituídas por placas de concreto de 400 quilos que demandam um guindaste acoplado a um caminhão para ser removida.
Desde o início do ano passado a Enel afirmou que trocou cerca de 200 tampas e a meta é substituir 900 proteções no centro da cidade, principalmente, no entorno da cracolândia onde a incidência de furtos é maior, segundo Marcos Floresta, gerente de manutenção subterrânea da concessionária.
"É uma ação drástica porque dificulta o acesso da pessoa que quer furtar os fios, mas também o das equipes no trabalho de manutenção", diz.
Além de causar interrupção no fornecimento de energia, o furto desse tipo de material coloca em risco as pessoas no entorno por causa da possibilidade de haver uma descarga elétrica.
A substituição das tampas de concreto ocorreu após o sistema de alarme instalado na entrada das câmeras subterrâneas não terem sido suficientes para barrar a alta de furtos. "Quando as equipes chegavam ao local, os fios já tinham sumido", diz Floresta.
A partir disso, a área técnica da concessionária desenvolveu o novo modelo de tampa que demanda um equipamento especial para erguer a placa de concreto. Segundo o técnico, as ocorrências de furto zeraram nos locais onde foi colocada a nova tampa, que custa o dobro da versão de aço.
Desde janeiro dez tampas de aço foram furtadas na região central de São Paulo, segundo a Enel. No mesmo período, outra concessionária de serviço público com problemas recorrentes de furtos, a Sabesp, substituiu 35 tampas de poços de visita, como são chamadas as galerias subterrâneas acessadas pelas equipes de manutenção. As trocas custaram R$ 131 mil à companhia de abastecimento de água.
Entre 2021 e 2023, a Enel calculou 47 km de fios e cabos de cobre furtados em toda cidade, e 3.886 ocorrências registradas nos quatro primeiros meses deste ano. A explosão de furtos de fios foi constatada pela concessionária em 2022, quando foram contabilizados 14.168 crimes, mais do que o dobro do calculado em 2021.
Além do cobre extraído dos fios, o ferro presente nas grelhas que protegem o sistema de escoamento de água também tem alto valor de venda nos ferros-velhos, por isso, é alvo recorrente de furtos.
Para coibir esse tipo de crime, a Prefeitura de São Paulo mantém desde janeiro do ano a substituição de grelhas de ferro por um novo modelo feito de plástico industrial, o mesmo material utilizado nas caixas d'água. Até o momento, 961 grelhas foram substituídas em toda cidade, segundo a administração.
Outro problema recorrente na região da cracolândia é o uso da estrutura de serviços subterrânea para esconder produtos de roubo. Isso aconteceu no fim de abril quando uma loja de produtos eletrônicos foi invadida no bairro Santa Ifigênia e agentes da GCM (Guarda Civil Metropolitana) encontraram peças de computadores escondidos dentro de bueiro.
A Secretaria de Segurança Pública foi procurada para fornecer dados sobre furtos de tampas e outros materiais de serviços públicos, mas só forneceu os dados referentes à semana entre 22 e 28 de maio, quando foram registradas quatro ocorrências de furtos de fios na região da cracolândia.
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