SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dois moradores de rua que dormiam na calçada em frente ao parque da Luz, na região central de São Paulo, foram alvos de tiros no fim da tarde de sábado (10).

Segundo perícia realizada pela Polícia Civil, os disparos partiram de um dos edifícios residenciais localizados em frente ao parque. A investigação aponta que foram usadas balas de calibre 22, que servem de munição a armas antigas, como as garruchas, e não costumam ser utilizadas pelo crime organizado.

Uma das vítimas, uma mulher, foi atingida de raspão no ombro e socorrida ao pronto-socorro da Santa Casa. Ela deixou o hospital antes de receber alta.

A segunda vítima, um homem, foi submetida a cirurgia no mesmo hospital para remover o projétil que ficou alojado no pulmão. O tiro o acertou pelas costas, de acordo com a Polícia Civil. Ele não corre risco de vida e ainda está internado.

O local onde os tiros foram disparados é conhecido por reunir moradores de rua e fica em frente ao Hub de Cuidados em Crack e Outras Drogas, equipamento do governo estadual destinado ao tratamento de usuários de drogas.

O homem baleado chegou a receber os primeiros socorros no Hub na noite de sábado e logo encaminhado para a Santa Casa.

Sem-teto que vivem no mesmo local relataram serem alvos constantes de agressão por parte de alguns moradores de prédios vizinhos. Segundo eles, são comuns disparos de bolas de gude com estilingue e bolas de borracha com armas de pressão.

Em depoimento à Polícia Civil, uma das testemunhas dos disparos disse que um homem careca, de barba e de baixa estatura destruiu algumas barracas no mesmo dia. O mesmo homem é acusado pelos moradores de rua de reações violentas.

O último censo da população de rua divulgado em janeiro de 2021 pela Prefeitura de São Paulo apontou aumento de 31% de pessoas sem-teto em comparação com o mesmo período em 2019, quando a contagem mais recente havia sido feita.

A quantidade de pessoas que preferem ocupar as ruas em vez dos abrigos também aumentou. Em 2019, 52% da população abordada pelos pesquisadores preferia as calçadas aos centros de acolhimento, em 2021, esse percentual subiu para 60%.


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