SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo arrancou as bandeiras LGBTQIA+ que estavam estendidas na fachada do Theatro Municipal de SP em comemoração ao mês do orgulho LGBT+, celebrado em junho.
O edifício, localizado na região central da capital paulista, está sem as faixas desde quarta-feira (14)
O episódio espantou ativistas da causa e integrantes do Municipal e gerou uma crise interna.
Em um abaixo-assinado que coleta assinaturas na internet, funcionários do complexo cultural, artistas e apoiadores da causa LGBT+ classificam a iniciativa, e a forma como a bandeira foi retirada, de "um ataque direcionado à nossa comunidade e a todas as pessoas que defendem políticas de diversidade, ataque este perpetrado pela atual direção da Fundação Theatro Municipal (FTM) de São Paulo".
Eles relatam no texto que funcionários da Fundação Theatro Municipal pediram a retirada da bandeira no dia 14, "sem oferecer nenhuma justificativa".
Em uma troca de emails, a Sustenidos, organização social que tem contrato com a Fundação para administrar o teatro, afirmou discordar da iniciativa. E alertou que, "devido às chuvas, não havia condições seguras" para remover as bandeiras naquele momento.
Cerca de meia hora após essa resposta, segue o texto, o próprio o diretor geral da Fundação, Abraão Mafra, apareceu para retirar as bandeiras.
Ele e outros funcionários "da mesma Fundação", segundo o abaixo-assinado, "foram pessoalmente às varandas e ao telhado do edifício e retiraram as bandeiras".
A ação, segue o texto, "foi realizada à revelia da Direção do CTMSP [Complexo Theatro Municipal de SP], em uma clara demonstração de desrespeito ao contrato de gestão atualmente em vigor e, principalmente, à comunidade LGBTQIAPN+ da cidade".
A Bancada Feminista, mandato coletivo do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo, enviou um ofício à Fundação Theatro Municipal questionando a decisão.
"Nos últimos anos, a bandeira foi colocada no 1° dia do mês e retirada no último, sendo que o dia 28 é a data mais importante para as reivindicações dos movimentos sociais [dia da Revolução de Stonewall, quando houve uma rebelião contra uma operação policial violenta em um bar frequentado por um grupo de gays em Nova York, nos EUA]", diz o documento.
O deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL) também criticou a ação nas redes sociais. "O prefeito Ricardo Nunes [MDB] mal esperou passar a Parada para voltar a nos invisibilizar", escreveu o parlamentar.
A Sustenidos, organização social que administra o Theatro, afirma que a bandeira foi retirada "pela equipe da Fundação Theatro Municipal [ligada à secretaria de Cultura], sem concordância da Sustenidos".
"A Sustenidos apoia a causa LGBTQIA+ em todos os projetos e equipamentos sob sua gestão, e vem buscando formas de aprimorar continuamente o tratamento do tema institucionalmente."
A Secretaria Municipal de Cultura diz, em nota, que a remoção da bandeira "se deu pelo fato da rotatividade das atividades do espaço, sendo necessárias alterações constantes em sua fachada, propiciando assim o regular andamento das atividades".
"A remoção da bandeira que estava alocada nas estruturas Theatro Municipal foi feita após diversas celebrações em torno dos direitos da comunidade LGBTQIA+", afirma ainda a pasta gerida pela secretária Aline Torres.
Os argumentos não convenceram os críticos. "Nos causou espanto que um dos mais importantes estabelecimentos culturais da cidade tenha alterado uma homenagem à população LGBTQIA+", afirma a covereadora do mandato Silvia Ferraro.
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