RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Bairros de Teresópolis (94 km do Rio de Janeiro) foram cobertos nesta segunda (26) por fumaça de um incêndio que atingiu um aterro sanitário na cidade.
Em nota, a prefeitura afirma que, "ao que tudo indica", o incêndio no aterro foi criminoso. A gestão municipal, porém, não deu detalhes sobre por que acredita que o fogo tenha sido iniciado de maneira proposital --disse apenas que vai apurar causas e responsáveis.
A fumaça começou em uma área de mata, ainda na madrugada, e se alastrou pelo aterro sanitário. O Corpo de Bombeiros foi acionado às 5h08.
As aulas foram suspensas em 35 escolas e 18 creches ainda pela manhã. No início da tarde, 17 escolas e 5 creches continuavam fechadas. A prefeitura afirma que o incêndio foi controlado por volta das 12h e que a previsão é que as aulas sejam retomadas nesta terça (27).
Ao menos três pessoas deram entrada em unidades de saúde com quadros leves de tosse seca -elas fizeram nebulização e foram liberadas. A Secretaria Municipal de Saúde recomendou o uso de máscara N95 para portadores de doenças respiratórias.
A fumaça afetou também um canil municipal localizado próximo ao aterro, e os animais mais sensíveis foram transferidos para um abrigo temporário. "Não houve nenhum óbito e eles estão sendo cuidados com carinho", acrescentou a Prefeitura de Teresópolis.
O aterro sanitário onde ocorreu o incêndio chegou a ser interditado em março de 2018 pelo Inea (Instituto Estadual do Ambiente) e pela Promotoria de Justiça do Meio Ambiente de Teresópolis.
À época, os órgãos constataram que o aterro, operado pela prefeitura, tinha problemas de funcionamento e havia se transformado em um lixão, com presença de catadores e resíduos da construção civil e hospitalares. A estação de tratamento de chorume estava danificada, e a substância escorria para o rio Fischer.
No local, técnicos também constataram instabilidade entre o terreno do aterro e uma vila de residências, e a prefeitura foi notificada de que deveria adotar medidas e elaborar um plano de remoção dos moradores da vila em caso de chuva. O município não respondeu se as medidas recomendadas foram realizadas nem se as famílias ainda vivem no local.
Após a interdição pelo Inea e pela Promotoria, uma decisão judicial autorizou a retomada da operação no local.
A gestão do município afirma que, quando assumiu a prefeitura, em julho de 2018, o aterro já havia sido interditado e desde então opera com liminar judicial. Diz ainda que procedimentos para resolver a questão estão em andamento -um deles suspende o despejo de lixo no local por até dois anos, com transbordo dos detritos para um aterro licenciado-, mas afirma não ter recursos próprios para arcar com "o custo anual de quase R$ 20 milhões do serviço". O município busca um acordo, e uma audiência está prevista para o dia 20 de julho.
Há ainda um plano para remediação do aterro. Cinco propostas foram apresentadas, e a vencedora propõe a construção de uma usina de processamento do lixo coletado na cidade. O procedimento ainda está em elaboração, e a ideia é que a usina comece a operar até o fim de 2025.
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