RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Pelo menos 34 cães e gatos morreram nos últimos 20 dias no município de Laje do Muriaé (a cerca de 300 km da capital), no Rio de Janeiro, segundo relato de moradores. A suspeita é que tenham sido envenenados. O caso mais recente foi o de uma cadela, encontrada morta na segunda-feira (3).

A Polícia Civil do Rio de Janeiro instaurou um inquérito para investigar a causa das mortes. A Promotoria de Justiça de Laje do Muriaé também abriu procedimento para entender o que acontece na cidade. Nesta terça (4), representantes da prefeitura se reuniram com os policiais para tratar do caso.

A primeira suspeita de morte por envenenamento aconteceu no início de junho. Uma cadela e alguns gatos que viviam nas ruas da cidade foram encontrados mortos. A partir de 14 de junho, outros animais apareceram sem vida. Um deles foi a vira-lata Princesa, que fora resgatada havia alguns anos e estava sob os cuidados da estudante de fisioterapia Victoria Grado, 26. Ela cuidava de dez cães em casa e perdeu dois deles nas últimas semanas.

"A Princesa foi passear na noite do dia 14, voltou para casa por volta de 23h, apresentou sintomas de envenenamento e não resistiu", diz Victoria, que participa do Projeto Animal, grupo que auxilia cães e gatos abandonados no município.

Desde então, moradores calculam que 36 animais já foram envenenados. Destes, morreram 18 gatos e 16 cães.

A maioria dos animais encontrados mortos vivia nas ruas da cidade, mas alguns tinham tutores. Victoria, do Projeto Animal, perdeu a Princesa, vira-lata de pelos brancos, e o Blue Heeler, cão de olhos azuis e pelos brancos que havia sido resgatado da rua. Japão e Piriguete, cães que tinham uma tutora, também foram encontrados mortos na rua. Outra moradora perdeu três gatos.

Amanda Dias, uma das médicas-veterinárias de Laje do Muriaé, atendeu casos nos últimos dias e confirma que os sintomas são de envenenamento.

"Os que sobreviveram apresentaram prostração, tremores musculares, salivação excessiva, convulsão, dor e aumento abdominal", diz a médica-veterinária. Muitos animais foram encontrados com a língua com coloração roxa ou azulada, um sinal de que alguma substância tóxica pode ter afetado a circulação do sangue.

Os cães foram encontrados mortos em diferentes bairros de Laje do Muriaé. O município, que faz limite com Minas Gerais, tem 7.336 habitantes, de acordo com o Censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e é a terceira cidade de menor população do estado do Rio de Janeiro.

Pelo tamanho da cidade, os habitantes têm o costume de deixar os animais domésticos saírem às ruas. Os donos de animais não sabem o que está acontecendo, mas suspeitam de que os venenos tenham sido espalhados por algum outro morador que não gosta de bicho. "Pode ser uma tentativa de controle populacional", diz Victoria.

A Polícia Civil abriu investigação nesta terça (4) após a repercussão do caso. Não há na delegacia de Laje do Muriaé, a 138ª DP, nenhum registro das mortes anteriores: a unidade está fechada para reformas, e a delegacia mais perto fica na cidade vizinha de Miracema, a cerca de 30 km. A polícia diz que o prazo para finalização das obras é de duas semanas.

Enquanto isso, sem delegacia, policiais trabalham no caso ouvindo testemunhas e tutores de animais. Moradores pretendem instalar câmeras de vigilância nas portas das casas e já não querem mais deixar os cães e gatos soltos na rua.

"A gente normalmente soltava os cachorros na rua e eles voltavam para casa, nunca tivemos problemas. Tenho eles há três anos e nunca tinha acontecido nada. Mas agora que perdi dois de uma vez, não dá mais", diz Victoria.


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