SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A vereadora Deise Olímpio Oliveira (União), da cidade de Araras (a 170 km de SP), é acusada por membros do movimento LGBTQIA+ de conduta discriminatória. Durante sessão no Plenário da Câmara Municipal no último dia 19 de junho, ela disse ser "aberração" envolver crianças e adolescentes em eventos pela diversidade.

Na ocasião, a Frente Parlamentar Cristã do Legislativo de Araras votou moção de repúdio em razão dos eventos relacionados ao Dia do Orgulho LGBT+. No palanque, Deise citou presença de menores de idade no evento e pediu para que todos os vereadores se colocassem "contrários a essa aberração" ao assinar nota para evitar "lamentavelmente episódios como esse".

"Acho que já ficou muito claro que a sociedade brasileira não aceita o uso de imagens de crianças e adolescentes, ainda mais pra esse tipo de campanha, disse Deise. "E claro que todos os vereadores [...] que se colocarem também contrários a essa aberração ficam convidados a assinar conosco [a moção] pra dar força, dar peso e evitar lamentavelmente episódios como esse", continuou.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa de Deise nesta terça (12), mas uma funcionária do seu gabinete disse que a vereadora não vai comentar mais o assunto, orientando a reportagem a buscar o seu discurso de explicações nos canais da Câmara.

Em Sessão Ordinária na Câmara Municipal de Araras de segunda-feira (10), a vereadora negou ter proferido discurso discriminatório e declarou ser perseguida por outros vereadores, especialmente os petistas.

"Não cometi crime algum. Não utilizaria meu mandato para tal feito. Houve uma distorção da minha fala. Um abuso nitidamente político, uma perseguição e uma penalização arbitrária", disse.

A moção de repúdio "à participação e utilização de crianças para a difusão de Ideologias e apoio ao dia do orgulho LGBTQIAPN" foi aprovada com dez votos.

Araras, com 130.866 habitantes de acordo com Censo do IBGE 2022, tem 11 vereadores.

A iniciativa dos vereadores deixou motivou protestos de parte da população na Câmara .

Nesta terça (11), o deputado estadual Guilherme Cortez (PSOL) protocolou representações contra a vereadora no Ministério Público, na coordenadoria de políticas para diversidade sexual do estado e, por último, na Câmara Municipal. Os três órgãos ainda não se manifestaram sobre as denúncias.

Nas petições, o deputado argumenta que houve discurso de ódio por parte de Deise e que o plenário de qualquer Casa Legislativa não é espaço para opiniões.

Segundo Cortez, o caso é uma "nítida discriminação de cunho LGBTIfóbico e o potencial ofensivo do discurso de ódio desferido contra toda a população LGBTQIAP+".

À reportagem Cortez escreveu que a imunidade parlamentar não pode servir de imunidade para quem pratica violência contra minorias. "Nosso país é o que mais mata as pessoas LGBTs do mundo e declarações preconceituosas perpetuam a violência cotidiana sofrida", afirmou o deputado.

"Imunidade parlamentar não pode ser desculpa para permitirmos a violência contra minorias nos parlamentos do país todo."


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