SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma auditoria nas estatísticas criminais do ano passado no estado de São Paulo, instaurada há cerca de dois meses pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), encontrou erros nos dados de todos os meses do ano passado.
A maior diferença entre os dados divulgados e os auditados ocorreu em abril de 2022, chegando a uma variação de 5,92% nos indicadores. Em fevereiro, a divergência foi de 4,5%. A menor diferença foi de 0,05%, em dezembro.
Isso considerando a média de todos os índices analisados. Quando se analisa cada tipo de ocorrência, as diferenças são maiores. A quantidade real de furtos de veículos em agosto foi 15% maior do que o divulgado, segundo o documento. Isso significa que 1.100 ocorrências ficaram fora da estatística só naquele mês.
No total, a auditoria encontrou quase 4.800 casos de roubo e furto de veículos que não haviam sido contabilizados. Ao mesmo tempo, a quantidade de roubos e furtos em geral foi menor do que o divulgado pelas gestões de Rodrigo Garcia (PSDB) e João Doria (hoje sem partido).
Em julho, quase 3.000 casos de furto teriam sido registrados por engano -o número real era menor. Apenas os roubos a banco, com 16 casos, ficaram sem divergência entre o divulgado e o auditado.
Os números são preliminares e ainda podem passar por ajustes pelo grupo de trabalho que faz a revisão, composto por policiais militares, delegados e peritos criminais. A primeira nota técnica com resultados da auditoria se concentrou em crimes contra o patrimônio.
Segundo o documento, informações sobre homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte não têm divergências em relação ao que já foi divulgado. Isso ocorre porque o controle das estatísticas desses crimes "já prevê a rastreabilidade por boletim de ocorrência", diz a nota técnica.
O erro na divulgação dos roubos e furtos teria ocorrido por causa de uma mudança na maneira como eram compilados. "Não houve alteração de metodologia, os valores divulgados anteriormente foram apurados manualmente pelas diversas unidade policiais, conforme preconizado pela Resolução 160/01, enquanto a presente auditoria está obtendo os dados por meio de sistemas informatizados", diz o texto.
As discrepâncias são bem maiores do que as estimativas iniciais da SSP (Secretaria de Segurança Pública). Em abril, quando anunciou que faria a auditoria, a pasta havia identificado 691 ocorrências de furtos de veículos e 160 de roubos de veículos que não havia sido incluídas nas estatísticas de abril de 2022. A secretaria também falava em outros 33 registros de estupro e 113 estupros de vulnerável que haviam ficado de fora dos dados do mesmo mês.
A análise deve continuar até o fim do ano. Para setembro, está prevista a divulgação da análise sobre crimes de estupro, lesões corporais, homicídio culposo e tentativa de homicídio. Esses casos são analisados paralelamente aos homicídios em geral, latrocínios e as lesões corporais que resultaram em morte.
A SSP disse, por meio de nota, que "aperfeiçoou o processo de consolidação dos indicadores estatísticos que, ao invés de serem informados por cada unidade policial, passaram a ser extraídos diretamente do banco de dados disponibilizados à SSP pela Polícia Civil e, posteriormente, validados ou retificados pelas unidades policiais". A secretaria diz que, até o momento, a equipe não viu necessidade de revisar dados de anos anteriores a 2022.
A gestão do ex-governador Rodrigo Garcia disse que "o trabalho de auditoria dos dados é e deve ser feito constantemente" e que o resultado preliminar "só reforça o compromisso com a transparência e comprova a capacidade técnica da CAP - Coordenadoria de Análise e Planejamento -, composta por policiais de carreira".
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