O governo do Rio de Janeiro inaugurou, nesta sexta-feira (14), o Centro de Inteligência em Saúde (CIS), que vai monitorar e unificar, em um ambiente digital, informações a respeito de incidência de doenças e busca por leitos, consultas, exames e cirurgias. O CIS conta com 416 técnicos, que vão se revezar em turnos 24 horas por dia, em um prédio na capital fluminense, repleto de computadores e painéis de monitoramento com as informações consolidadas.

De acordo com o governo estadual, é o maior centro intersetorial de vigilância epidemiológica e informações em saúde do país. O investimento do estado foi de cerca de R$ 6 milhões.

O conjunto de informações acompanhadas em tempo real permitirá, por exemplo, a identificação mais rápida de surtos e epidemias. O CIS também possibilitará, com as análises, diminuir os efeitos da subnotificação de doenças.

Centro de Inteligência em Saúde - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

“Quando a gente trabalha com sistema de notificação, a gente sabe que há um atraso da informação, até pelo próprio processo de identificação da doença. Agora, temos uma modelagem para estimar o quanto deveria ter de casos no momento atual, baseado no passado”, explicou a superintendente de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, Luciana Velasque.

Fila de leitos

Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, na inauguração do Centro de Inteligência em Saúde - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, disse que visitou lugares como a Estônia, Copenhague (Dinamarca) e Londres para buscar informações de países mais atualizados em inteligência em saúde. Castro acredita que o CIS vai melhorar o gerenciamento de filas de atendimento e o uso de recursos públicos.

“A Secretaria de Saúde pode dar mais transparência, pode ter uma fiscalização daqueles leitos que estão regulados. Será que a gente não está gastando dinheiro demais, ou será que não está liberando o paciente muito rápido? Isso a Secretaria de Saúde, hoje, tem condição de saber não mais por feeling [intuição], mas pelo dado científico”, disse o governador.

A Agência Brasil solicitou ao governo do Rio de Janeiro dados sobre o tamanho da fila de espera de pacientes por leitos hospitalares. A Secretaria de Saúde respondeu, em nota, que “as filas da regulação são dinâmicas e variam de acordo com o tipo e a complexidade do procedimento [exames, cirurgias], podendo a espera variar de 30 dias a dois anos”.

O CIS também terá o Painel de Rumores, que vai monitorar informações falsas que circulam na internet. De acordo com o secretário estadual de Saúde, Dr. Luizinho, é uma forma de reagir ao surgimento de fake news. “Faz com que a gente consiga dar informação de qualidade para que a imprensa possa passar uma informação de qualidade para a população. Senão fica gente em sites pregando contra a vacina, contra vacinação, e as pessoas se alimentam de informações erradas”, disse. “Daqui vai sair uma alimentação correta”, acrescentou.

Parcerias

Representante da Organização Pan-Americana de Saúde no Brasil, Socorro Gross, na inauguração do Centro de Inteligência em Saúde (CIS) - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas, vai colaborar com o CIS no compartilhamento de informação e conhecimento.

“O Rio de Janeiro apontou ser um estado digital, que entende que a informação, a evidência e a inteligência podem mudar realidades de populações. Essa inauguração permite conhecer necessidades e fazer a implementação das ações corretas, de uma maneira que ninguém fique para trás”, disse Socorro Gross Galiano, representante no Brasil da Opas/OMS.

O secretário estadual de Saúde explicou que a parceria com a Opas será além de informações reunidas no ambiente digital. “[A parceria] vai principalmente para o nosso enfrentamento da tuberculose. A nossa prioridade com a Opas é tirar o estado do Rio de Janeiro da posição de um dos maiores em casos de tuberculose do Brasil. A nossa parceria está dedicada a isso, nós vamos para a rua para fazer busca ativa nas casas, vamos entrar nos presídios para diminuir os casos tuberculose no Brasil”, disse Dr. Luizinho.

O diretor da Opas, Jarbas Barbosa, citou como o CIS pode ajudar a manter a assistência às populações mais vulneráveis, que ainda sofrem impactos negativos pós-pandemia.

"A pandemia aumentou a mortalidade materna, fez com que paciente de doenças crônicas perdessem a oportunidade de fazer o diagnóstico precoce. Nós vemos que é o momento de se recuperar desses impactos, e nada melhor que ter informação correta para que o estado possa tomar decisão, mobilizar as prefeituras e atuar conjuntamente. Saúde é parte importante do desenvolvimento de qualquer país", disse.

O diretor da Opas acredita que o CIS fluminense pode ser um exemplo internacional. "Vamos trazer outros países da América Latina e do Caribe para conhecer essa experiência daqui, as coisas boas que vão sair dessa iniciativa", informou.

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