Surto de sarna
Após vários desses afegãos terem sido acometidos por um surto de sarna no aeroporto em junho deste ano, o Ministério da Justiça e Segurança Pública decidiu enviá-los para uma colônia de férias do Sindicato dos Químicos, na Praia Grande. No entanto, muitos afegãos continuam desembarcando quase que diariamente no Aeroporto Internacional de Guarulhos e, sem uma política preestabelecida de atendimento, eles continuam montando suas barracas no local.
Nesta segunda-feira, por exemplo, segundo a Prefeitura de Guarulhos, haviam 23 afegãos vivendo no Aeroporto de Guarulhos. Os voluntários disseram que a situação agora é um pouco melhor do que meses atrás, já que há menos afegãos vivendo no aeroporto e por menos dias.
“No sábado tinham 62 pessoas. E nesse mesmo dia, quatro famílias foram acolhidas. Mas, no mesmo dia, chegaram 55 pessoas”, disse Aline Sobral, em entrevista à Agência Brasil. “Continuam chegando afegãos e eles continuam ficando no aeroporto. E até agora, nada de efetivo foi feito”, acrescentou. “Agora está mais rápido o acolhimento. Eles não ficam aqui mais de sete dias. A média tem sido entre três e quatro dias. Mesmo assim, eles continuam ficando [no aeroporto], sem banho”, acrescentou.
Para Aline, o ideal seria que os refugiados tivessem um lugar definitivo para serem acolhidos. “Mas se tivesse alguma coisa emergencial, que tivesse o mínimo como um banho ou uma cama, seria ótimo para eles. Hoje eles não têm nada. Temos hoje só a prefeitura [de Guarulhos] fazendo essa recepção e a gente [voluntário] entrega uma manta e um colchão. E é só. Aqui não é um lugar para eles ficarem. Ficar em aeroporto é surreal”.
“Houve um certo benefício [com a ida de alguns afegãos para a Praia Grande], mas nossa preocupação é que não temos a quantidade exata de refugiados que ainda vão chegar”, disse o voluntário Hosnir Badawi, do Coletivo Frente Afegã. “A situação não foi resolvida. Ela ainda é bem complicada e preocupante. Precisamos de uma parceria. A prefeitura [de Guarulhos] não tem como arcar com isso sozinha. O que se necessita nesse momento, se pudesse ocorrer, é justamente um local específico para recebê-los. Isso iria diminuir muito os problemas que eles enfrentam. Você chega como refugiado e espera, de imediato, ter algum tipo de acolhimento para te dar muita tranquilidade. Mas isso não está sendo feito. As organizações estão fazendo o possível, mas precisa ter uma força tarefa maior”.
Procurado pela Agência Brasil, o Ministério da Justiça ainda não se manifestou sobre a situação da grávida. O aeroporto de Guarulhos e o governo de São Paulo também não se manifestaram, até o momento.
Já a prefeitura de Guarulhos informou que as equipes do Posto Avançado de Atendimento Humanizado ao Migrante, que fica no aeroporto, têm ciência sobre a gestante que se encontra lá, "mas não foi informada sobre ela ter entrado em trabalho de parto".
"Essa informação só chegou até nós por meio desta demanda. De acordo com os registros, a gestante chegou hoje ao aeroporto. Como manda o protocolo, assim que o novo grupo chegou, os governos federal e estadual foram avisados para juntos iniciarmos a busca por vagas, que já foi encontrada. Antes de ser encaminhada, a gestante passará por consulta médica para se certificar de que está tudo bem para seguir para o acolhimento", diz a prefeitura, que acrescentou que não houve chamado para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
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