SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Quem entrar de rosa ganha desconto", anunciava um vendedor na rua 25 de Março, centro de comércio popular no centro de São Paulo, na manhã desta segunda-feira (24).
No dia em que a equipe feminina estreou na Copa do Mundo, que acontece na Austrália, os camelos estavam abarrotados de produtos da Barbie. São blusas, camisetas, croppeds, vestidos e saias de tutu. Tudo, claro, cor-de-rosa.
O filme sobre a boneca da Mattel estreou na última quinta-feira (20) e é uma das principais apostas dos vendedores da 25 de Março. Enquanto isso, a Copa do Mundo feminina ficou de lado.
Na rua de comércio popular, quem quiser comprar adereços do Brasil tem poucas opções disponíveis.
O cenário é bem diferente do que a reportagem avistou em novembro do ano passado, em meio à Copa do Mundo masculina, quando barracas exibiam dezenas de camisetas do Brasil, vuvuzelas e acessórios.
É verdade que o futebol feminino vem registrado recordes de público nos últimos anos e avançou em outros pontos.
No Brasil, um dos principais avanços foi a organização dos torneios, com os principais clubes do país e transmissão regular na TV.
Porém, nas ruas, o "clima de Copa do Mundo" ainda não é visto. Na 25 de Março, alguns vendedores e funcionários vestiam blusas e bonés da seleção brasileiro, mas o campeonato não empolgou os vendedores.
Em uma das lojas de fantasia da Ladeira Porto Geral, o público que entra vê de um lado da vitrine, manequins vestidos de festa junina e, no outro, brinquedos da Barbie e decoração de aniversário.
Com a placa "por favor, não mexa", uma mesa de aniversário infantil é exibida com diversos acessórios da boneca. Não há nada exposto em relação ao Brasil.
Há ainda comerciantes que anunciam a venda e condições especiais de pagamento para o pré-Halloween, celebrada no fim de outubro.
Vendedores disseram que não há demanda por produtos com as cores da seleção agora.
Gilmar Garcia é um dos poucos vendedores que exibe blusa do Brasil. Ele afirma que, na verdade, vende uniforme verde e amarelo durante o ano inteiro, mas não notou um aumento de procura devido à Copa. "Sempre tem bastante saída, mas em julho está com pouca demanda para uma época de Copa do Mundo."
Na Copa do Mundo masculina, o também comerciante Marcelo Pimenta afirma que a venda foi grande. "Foi um dos períodos que mais vendemos. Agora, não tem procura. O público delas não procura por isso e ainda está se desenvolvendo. Quem sabe na próxima Copa do Mundo?". O próximo torneio está marcado para 2027, e o Brasil é um dos candidatos a receber o evento.
Já Vanessa Andrade decidiu apostar na venda dos produtos cor-de-rosa. Foi assim conseguiu salvar o mês, relata. "A Barbie foi um fenômeno. Ninguém imaginou que seria assim", diz ela.
Nas vésperas da estreia do filme, na última quinta-feira (20), ela notou um boom. "Não vendia mais nada que não fosse Barbie."
Sobre a Copa do Mundo feminina, ela lamenta a baixa procura. "É uma pena. Elas [as jogadoras] merecem. As camisetas delas são novas, o pessoal precisa investir", diz.
Andrade, porém, não descarta a possibilidade do desempenho do time brasileiro incentivar as vendas nos próximos. "Que sabe depois de hoje, não anima as vendas? ", diz Andrade em referência à vitória brasileira na estreia contra o Panamá de goleada.
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