CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - O delegado Rodrigo Baptista disse nesta segunda-feira (31) que deve ouvir mais de 30 pessoas no inquérito aberto para apurar as causas da explosão nos armazéns da unidade em Palotina (PR) da C.Vale, que deixou oito trabalhadores mortos e 11 feridos.

Um trabalhador de origem haitiana segue desaparecido desde o incidente, no final da tarde de quarta (26). Segundo a empresa, a vítima é Wicken Celestin, de 55 anos.

De acordo com o delegado, já foram ouvidos, na sexta (28), o gerente da área de segurança no trabalho da cooperativa e também o chefe da Defesa Civil local. Eles disseram ao investigador que todos os equipamentos de proteção individual estariam de acordo com as normas e treinamentos de funcionários em dia. Os alvarás dos bombeiros para funcionamento do local também foram apresentados pela empresa.

Mas a Polícia Civil ainda vai ouvir depoimentos de sobreviventes, de pessoas ligadas à Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e também de representantes do Sintomege, que é o Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral de Toledo.

Entre os oito mortos, sete são haitianos, que atuavam na cooperativa como trabalhadores avulsos, contratados pela C.Vale através do Sintomege.

Na sexta, a C.Vale disse à Folha que as contratações de trabalhadores avulsos estão de acordo com a lei 12.023/2009 e que todos "passaram pelos treinamentos sobre os procedimentos obrigatórios de segurança e de operação".

Uma das hipóteses da Polícia Civil é de que a explosão tenha sido causada a partir de uma falha mecânica, mas o delegado não dá detalhes e diz que é necessário aguardar os laudos que estão sendo produzidos pelo Instituto de Criminalística para avançar na apuração.

"Vamos saber se houve ou não falha mecânica e se há responsabilização de alguém ou não", resumiu ele, em entrevista à imprensa.

Segundo Baptista, a primeira explosão pode ter acontecido entre os armazéns 3 e 4, onde visivelmente a destruição é maior. Quatro silos foram atingidos no total.

De acordo com a C.Vale, os quatro silos armazenavam 12 mil toneladas de soja e 40 mil toneladas de milho.

Segundo equipes do Corpo de Bombeiros, as vítimas foram encontradas nos túneis subterrâneos ligados aos silos. O delegado diz que ainda não sabe se a primeira explosão ocorreu nos túneis ou nos armazéns.

Com a explosão, algumas das estruturas de concreto dos túneis foram afetadas e eles ficaram obstruídos. As toneladas de grãos também ficaram espalhadas, dificultando ainda mais o resgate das vítimas.

Entre os 11 feridos, sete permanecem internados em hospitais de Palotina, Cascavel, Londrina e Curitiba. Os demais já receberam alta hospitalar.

Os corpos dos sete haitianos e o único brasileiro entre os mortos em Palotina ?Saulo da Rocha Batista, 54? foram enterrados na sexta.

As vítimas do Haiti são Reginald Gefrard, 30, Jean Ronald Calix, 27, Michelete Louis, 41, Jean Michele Joseph, 29, Eugênio Metelus, 53, Donald St Cyr, 27, e Alfred Lesperance, 44 anos.

Em nota, a C.Vale disse que está custeando despesas das vítimas em hospitais particulares. "A C.Vale também está cobrindo gastos com locomoção, hospedagem e alimentação dos familiares, além da contratação de cuidadores para as famílias que possuem filhos pequenos", afirmou.

A C.Vale é uma cooperativa agroindustrial com atuação no Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Paraguai. Possui 188 unidades de negócios, 26.216 associados e 13.668 funcionários. O faturamento no ano passado foi superior a R$ 22 bilhões.


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