Líder mais conhecido da Frente Nacional de Luta, Campo e Cidade (FNL), organização social que luta pela reforma agrária no Brasil, José Rainha Júnior declarou que o governo federal precisa avançar e promover uma melhor distribuição de terras.
“Creio que ainda há muito [o que fazer]. Segundo o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], há, no campo, vastas áreas para serem desapropriadas [e destinadas] para a reforma agrária. Estamos falando de milhões de hectares”, disse Rainha ao participar, nesta quinta-feira (3), de reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), da Câmara dos Deputados.
Classificada por membros do colegiado como “uma das reuniões mais importantes desde o início dos trabalhos” da comissão, em meados de maio deste ano, a audiência serviu para que os parlamentares ouvissem Rainha sobre sua atuação à frente da FNL e de ocupações de propriedades rurais.
“Não sou um criminoso. Sempre lutei pela vida e pela dignidade das pessoas. Já fui preso várias vezes, mas nunca [por motivos] que não tivessem relação com a causa da reforma agrária. Fui acusado, mas não há nenhuma condenação transitada em julgado [que não comporte recurso] e já fui absolvido em vários processos”, afirmou Rainha ao defender a atuação da FNL e de outros movimentos. “A reforma agrária é uma necessidade desde que abolimos a escravidão no Brasil [em 13 de maio de 1888]. E não sou eu quem a defende. São várias lideranças [históricas] importantes, como [o patrono da Independência] José Bonifácio [de Andrada e Silva], que defendia que se este país quisesse ser grande, teria que fazer três coisas: abolir a escravidão; criar universidades e fazer a reforma agrária.”