SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ouvidor da polícia do estado de São Paulo, Claudio Aparecido da Silva, registrou boletim de ocorrência por ameaça nesta sexta-feira (4) após ter sido citado em grupo de troca de mensagens formado por agentes penitenciários intitulado "Polícias Penais Assuntos".
Na mensagem, uma pessoa afirmou que o ouvidor "tinha que morrer também" assim como as vítimas da operação policial que matou 16 pessoas na Baixada Santista, no litoral paulista. "Não podemos tapar o sol com a peneira e fingir que nada está acontecendo, demorou para matar esses vagabundos e quem estiver apoiando bandido igual esse negro maldito e ouvidor das polícias tem que morrer também", dizia o texto a que a Folha teve acesso.
O ouvidor registrou queixa na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), na região central da capital paulista, no fim da tarde desta sexta. "Assusta, mas não vou me intimidar porque estamos fazendo tudo certo", disse o ouvidor. "Não combatemos nenhuma corporação, pelo contrário, atuamos para defender os policiais", continuou.
Segundo ele, o autor da frase é um policial penal aposentado de 60 anos que será chamado a depor. Além da frase atribuída ao ouvidor, o grupo, conta Silva, contém mais mensagens de cunho violento que incentiva ataques a moradores de favelas.
Silva tem acompanhado as ocorrências da Operação Escudo e foi o primeiro a confirmar as primeiras mortes em decorrência de intervenção policial no domingo (30).
A ação foi uma resposta à morte de um soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, força de elite da PM paulista), na mesma cidade, na última quinta (27), em um crime que gerou comoção entre policiais.
Silva é militante do movimento negro e do hip hop e foi membro do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, além de coordenador de Políticas para Juventude da Cidade de São Paulo e do SOS Racismo da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
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