SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Prefeitura de São Paulo estuda incluir a avenida São João no programa Ruas Abertas. Caso isso aconteça, a via do centro da cidade passaria a receber somente pedestres e ciclistas aos domingos e feriados, nos moldes do que já ocorre na avenida Paulista.

Pela proposta, o trecho de aproximadamente 1,3 km entre o largo do Paissandu e o acesso ao Minhocão (elevado João Goulart) seria interditado para o trânsito de veículos.

O corredor concentra tradicionais pontos de comércio da região, além de pontos históricos da capital, como o Vale do Anhangabaú e a esquina com a avenida Ipiranga. Por outro lado, está cercado de violência e degradação, apesar da ampliação da presença policial na área.

O projeto foi debatido no último dia 31 por moradores e comerciantes da região, que por enquanto não chegaram a um consenso. Apoiadores da ideia dizem acreditar que ela possa contribuir para a revitalização do centro e atrair turistas.

"A intenção desse projeto é fazer com que a comunidade local volte a interagir com o espaço público, e que a população que visita a cidade tenha um espaço de lazer seguro e bem organizado", disse Marcone Moraes, presidente da Associação Pro Centro, formada por empresários da região e responsável por apresentar o projeto à prefeitura.

A maioria dos comércios da avenida ficam fechados ou trabalham com expediente reduzido aos domingos, mas lojistas da Galeria do Rock, que fica no largo do Paissandu, já consideram abrir as portas caso a proposta saia do papel. "Hoje a galeria está funcionando muito bem, mas ficamos isolados em meio à degradação do centro", afirma o administrador do local, Antônio Souza Neto.

Críticos da proposta, por outro lado, apontam que a medida pode trazer incômodo a moradores e dificultar o acesso a alguns serviços.

"Diferente da Paulista, a avenida São João tem outro perfil, com um trecho muito mais residencial. Isso pode prejudicar o acesso de moradores a garagens, por exemplo. Tem também igrejas, hotéis e estacionamentos que seriam impactados", afirma Arthur Monteiro, diretor do Movimento Desmonte do Minhocão, que considera inviável a implementação do projeto.

A proximidade do trecho da avenida onde se pretende implementar o Ruas Abertas com a cracolândia também traz preocupação. "Quando você fecha a São João, tem que remanejar linhas de ônibus que vão acabar sendo desviadas para ruas de maior risco para o morador", disse Monteiro.

A pouca participação da população, até o momento, também é alvo de críticas. Composto por 24 representantes da sociedade, o Conselho Participativo da Subprefeitura Sé deve se reunir esta semana para debater o projeto, já que não foi convidado para a reunião em que a proposta foi apresentada.

"Há clara falta discussão ampla com a sociedade civil e com os representantes legítimos escolhidos pela população", disse o coordenador do conselho, Fabio Benini Cabral.

Como a avenida São João exerce papel importante de conexão no eixo centro-oeste da cidade, a proposta ainda precisa ser avaliada pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Somente após estudos técnicos haverá a realização de audiências públicas.

Segundo a gestão Ricardo Nunes (MDB), a inclusão da avenida no programa poderia estimular o turismo e o comércio local. O Minhocão também seria conectado ao Vale do Anhangabaú, ampliando as possibilidades de lazer da população.

O programa Ruas Abertas foi criado em 2016, durante a gestão de Fernando Haddad (PT) na prefeitura, mas foi interrompido durante a pandemia de Covid-19. Hoje, a avenida Paulista é a única que tem o trânsito fechado aos domingos e feriados. A administração municipal estuda a possibilidade de estender o programa às ruas da Liberdade, também no centro.


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