SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O apresentador Fausto Silva, 73, ainda deve passar cerca de um mês internado após transplante de coração realizado neste domingo (27). Este é o tempo médio de recuperação pós-operatória, que inclui medicamentos e exames para controlar uma possível rejeição ao novo órgão.
"Esse coração que ele recebeu é um corpo estranho, e por isso o corpo vai rejeitar. Então ele vai ter que tomar uma série de medicamentos imunossupressores, que atuam no sistema imunológico e abaixam a resistência do indivíduo", afirma o médico cardiologista João Vicente, que trabalha no hospital Sírio Libanês.
O uso dessa medicação, contudo, eleva o risco de infecções, uma vez que diminui a imunidade do paciente. Por isso, a fase inicial pós-transplante é a mais preocupante, em especial as primeiras 48 horas. De acordo com boletim médico divulgado pelo hospital Albert Einstein, onde Faustão realizou o procedimento, o novo coração funciona como esperado após o transplante.
De acordo com Vicente, no período em que estiver no quarto o paciente deverá passar por fisioterapia e fazer exames diários, como raio-X, ecocardiograma e coleta de sangue, até que esteja adaptado ao novo coração e com quadro clínico estável.
Mesmo depois da alta, o tratamento com imunossupressores acompanha o paciente transplantado pelo resto da vida, embora a dosagem possa cair com o passar do tempo. Além disso, algumas precauções devem ser adotadas, sobretudo no primeiro ano, como evitar aglomerações e o contato com pessoas doentes.
De acordo com o cirurgião Paulo Pego Fernandes, do Hcor, o paciente costuma ter vida "muito próxima do normal" após um transplante de coração, mas precisa visitar o cardiologista com mais frequência .
"Ele consegue fazer exercícios e outras atividades físicas normalmente, mas precisa de acompanhamento periódico para controle de infecções", disse o médico, que recomenda consultas a cada quatro meses.
No primeiro ano depois da cirurgia, a taxa de sobrevida dos pacientes é de 80%. Segundo os cardiologistas entrevistados, transplantados cardíacos ganham em média dez anos de vida após a operação.
TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS NO BRASIL
O Brasil, segundo o Ministério da Saúde, tem o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo. O procedimento é garantido a toda a população por meio do SUS, responsável pelo financiamento de cerca de 88% dos transplantes no país.
A rede pública de saúde fornece aos pacientes assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante.
Atualmente, 379 pacientes aguardam na fila para transplante de coração no Brasil. Em todo o país, a maior demanda é para transplante de rim, com 37.101 pessoas na fila de espera. A córnea está em segundo lugar, com 25.938, e o fígado aparece na sequência, com 2.237.
A fila é única em todo o país e se baseia em critérios técnicos, como tipo sanguíneo, compatibilidade genética e de peso e altura, além da gravidade de cada caso. Não há distinção entre pacientes da rede pública ou particular de saúde, e a ordem de cadastro funciona como critério de desempate quando demais parâmetros são semelhantes.
Até esta segunda-feira, de acordo com o Ministério da Saúde, 11.908 transplantes de órgãos foram realizados no país, sendo 6.269 de córnea, 3.760 de rim, 1.497 de fígado e 261 de coração.
De apenas uma pessoa podem ser doados rins, fígado, coração, pulmões, pâncreas, intestino, córneas, valvas cardíacas, pele, ossos e tendões. Assim, inúmeras pessoas podem ser beneficiadas com órgãos e tecidos provenientes de um mesmo doador.
No caso de doador vivo, podem ser obtidos um dos rins, parte do fígado, parte da medula e parte dos pulmões.
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