Reinaugurado há um ano durante as celebrações do bicentenário da Independência do Brasil, o Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, localizado na capital paulista, não só ficou mais moderno e acessível, como também inovou, ao trazer para sua curadoria uma preocupação de ser mais plural e crítico sobre suas obras.

Monumentos que homenageiam figuras e situações controversas, como estátuas de bandeirantes, por exemplo, continuam a figurar por seus espaços expositivos, mas agora passaram a ser encarados como documentos históricos, ou seja, obras que informam ou refletem sobre um modo de se pensar à época. Ao lado deles, novas visões foram acrescentadas, ajudando a repensar o processo histórico de construção do Brasil, inclusive a que trata sobre a independência, celebrada nesta quinta-feira (7).

Uma das 11 exposições de longa duração que integram o novo museu tem exatamente a preocupação de repensar a construção histórica brasileira. Chamada de Uma História do Brasil, a mostra percorre três espaços antigos do edifício-monumento, que foram tombados por órgãos de preservação do patrimônio: o saguão de entrada, a escadaria monumental e o salão nobre, onde há a famosa pintura Independência ou Morte!, de Pedro Américo.

A exposição Uma História do Brasil apresenta a decoração que foi projetada para o edifício visando às comemorações do primeiro centenário da Independência do Brasil, em 1922, pelo então diretor da instituição, Afonso Taunay (1876-1958). 

"[Nessa época], o Museu Paulista buscava se firmar como símbolo nacional justamente para legitimar seu papel político das elites paulistas do começo do século 20. Então, a construção desse memorial, com essa narrativa dos bandeirantes como pioneiros, e São Paulo como protagonista da história nacional, buscava apoiar, no passado, uma legitimidade da situação no presente [de economia cafeeira]”, disse Isabela Ribeiro de Arruda, educadora e supervisora da equipe de educação, museografia e ação cultural do Museu Paulista, em entrevista à Agência Brasil.